Momentos antes de esfaquear e matar a autônoma Jacineide Alves Lima, de 42 anos, a Jaci, o vendedor ambulante Nelson Messias dos Santos, 48, falou com ela ao celular e pediu seu auxílio para reconquistar a ex-companheira, a irmã dela e também autônoma Elenice Alves Lima, a Leni, de quem estava separado há um mês.
“Ele ligou para o celular de Gilson [amigo] e pediu para falar com Jaci. Ele já estava dentro da estação, quando ligou. Ele queria a ajuda dela, mas ela disse: ‘Ô, Nelson, Leni não quer voltar mais! Segue sua vida e deixe minha irmã em paz”, contou Evanice Lima da Fraga, 45, irmã da vítima.
O crime ocorreu dentro da estação Mussurunga, por volta das 10h da manhã desta quinta-feira, 12. Jaci e Leni trabalhavam como vendedoras ambulantes no terminal de ônibus.
Na mesma ação, Nelson esfaqueou o autônomo Euclides de Oliveira, 47, o Toninho, no rosto e na nuca, e José Geraldo Nunes Leite, 52, em um dos antebraços. Ele estava armado com duas facas tipo peixeira, segundo testemunhas.
Após a ação, ele se esfaqueou no pescoço e morreu no Hospital Geral do Estado (HGE), para onde Jaci, Tonhinho e José foram levados.
Até a noite desta quinta, Toninho seguia internado na unidade de saúde em estado estável, conforme revelou uma filha dele. Já José Geraldo seguia no setor de sutura e não corria risco de morte.
De acordo com uma funcionária da CCR Metrô Bahia, José trabalha na estação como regulador (organiza filas de passageiros) e, nesta quinta, folgava. A reportagem não conseguiu contato com familiares dele, nem confirmar com a CCR.
Jaci trabalhava na estação há 15 dias; Nelson vendia óculos em Candeias, na Grande Salvador (Foto: Reprodução)
Ciúmes
“Tudo isso começou por causa de ciúmes. Ele era doentio, não deixava ela [Leni] ter amizade com ninguém. Ele já tinha ido na estação com uma faca para tentar matar um colega dela”, contou Evanice.
Segundo ela, há cerca de duas semanas, Nelson passou a frequentar a estação todos os dias e sempre procurava por Jaci. “Ele chegava lá às 3 horas e pedia a ajuda dela. Falei com ela e com Leni para chamar a polícia. Liguei para Leni ontem [quarta-feira], perguntei se ela estava esperando ele matar alguém de nossa família. Ele já tinha matado um homem lá em Sergipe [Aracaju], por ciúmes”, desabafou Evanice.
O corpo de Jaci deverá ser sepultado ainda nesta sexta, 13, em Feira de Santana (distante a 109 km de Salvador). A mãe dela morreu há dois meses, de infarto.
Prometia matar a ex
Conforme Evanice, em 14 de setembro último, Nelson já havia tentado matar a ex-companheira, mas foi preso e ficou apenas dois dias na cadeia. “Ele pagou fiança e foi solto no sábado [16], mesmo dia que a gente foi na delegacia da mulher [Delegacia Especial de Atendimento à Mulher – Deam] pegar um documento para ele ficar longe dela. Quando a gente voltou, ele já estava na rotatória de Mussurunga”, lembrou irmã da vítima.
Leni estava sob medida protetiva. Na hora do crime, ela correu para se proteger. Ela e Nelson conviveram por cinco anos. Conforme a delegada Carmem Dolores Bittencourt, caso Nelson não tivesse se matado, ele responderia por um homicídio e duas tentativas de homicídio. Ela instaurou o inquérito e vai solicitar à Justiça o arquivamento por extinção da punibilidade.
Em nota, a CCR Metrô Bahia lamentou o crime e disse colaborar com as investigações. O terminal funcionou normalmente durante toda esta quinta.
*ATarde