Cientistas do Brasil e de Oxford sequenciam genoma do novo coronavírus detectado em SP

Pesquisadores do Brasil e da Universidade de Oxford sequenciaram o genoma do vírus 2019 n-CoV do primeiro caso confirmado da doença em São Paulo. O trabalho, geralmente feito em 15 dias pelos cientistas, foi realizado em apenas dois dias, de acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp).

A primeira análise preliminar feita pelos cientistas mostra que o genoma do coronavírus diagnosticado no Brasil difere em três pontos no código genético do vírus encontrado inicialmente em Wuhan, cidade chinesa onde a doença surgiu. De acordo com uma das autoras do estudo, Ester Cerdeira Sabino, quanto mais desvendarmos o RNA do vírus, mais podemos rastrear o caminho dele.

“Como o vírus do Brasil foi detectado da Itália, e vimos que é diferente do encontrado na Alemanha, com duas mutações similares apenas, já dá para ver que mais de uma pessoa passou a transmitir a doença na Europa”, explicou Sabino.

Além disso, é possível fazer a associação das mudanças no RNA com alguma característica da epidemia. Sabino dá o exemplo do Irã, que tem apresentado uma taxa de mortalidade maior.

“O que vamos estudar é se tem alguma influência [a mutação]. Por exemplo, no Irã está tendo um avanço maior. É um exemplo teórico. Temos que sequenciar e pesquisar se a mutação tem alguma influência nisso”.

A análise genética do RNA de um vírus também é fundamental para o desenvolvimento de vacinas e para a criação de testes diagnósticos. Uma análise preliminar da sequência já está disponível online para consulta de outros pesquisadores do mundo.

Caso número 1

O primeiro caso brasileiro de Covid-19, doença causada pelo 2019 n-CoV, foi confirmado com diagnóstico molecular pelo Instituto Adolfo Lutz em 26 de fevereiro. O paciente infectado com o vírus esteve na região da Lombardia, no norte da Itália. O país europeu registrou 400 casos do novo coronavírus até esta quinta-feira (27).

Até agora, apenas uma sequência genômica na Itália havia sido concluída. Os pesquisadores analisaram amostras retiradas de um turista da província de Hubei que visitou Roma por volta de 31 de janeiro de 2020, com o vírus originado na China.

“É uma velocidade incrível. Da mesma maneira como a Itália fez lá recentemente e publicaram. Isso ajuda no desenvolvimento de testes de diagnóstico, ajuda em uma série de outros desenvolvimentos tecnológicos, tem um peso muito importante”, disse o secretário nacional de vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.

Fonte: G1


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