Crioterapia: conheça técnica usada por Ana Furtado para não perder cabelo na quimioterapia

Em tratamento contra um câncer de mama, Ana Furtado contou nas redes sociais que se submeteu à segunda sessão de quimioteria. Em uma publicação nesta terça-feira (13), a atriz e apresentadora deu detalhes sobre a crioterapia, uma técnica que promete reduzir a queda de cabelo durante todo o tratamento.

A técnica é realizada através de uma touca com gel térmico que envolve a cabeça do paciente, e que resfria o couro cabeludo de forma que os vasos sanguíneos se contraiam e protejam os folículos capilares. A sensação térmica pode chegar a 16ºC.

Como funciona a crioterapia

Aprovada em 2015 nos Estados Unidos, a técnica não demorou para chegar em terras brasileiras, e, já em 2016, o tratamento começou a ser realizado na Bahia. Segundo a médica oncologista Renata Cangussu do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), com o passar do tempo o número de pacientes que têm optado pela crioterapia vem crescendo. Atualmente o NOB atende 250 pacientes. Cada sessão custa R$ 300, em média, e o tratamento não é coberto pelos planos de saúde. A oncologista considera a crioterapia um processo que auxilia o tratamento.

“É importante porque mantém a autoestima da paciente nesse momento em que ela já está bastante fragilizada com o diagnóstico. Principalmente nos casos de câncer de mama que acaba mexendo em dois lugares que, para algumas mulheres, é muito importante: os cabelos e a mama”, diz a médica.

A touca gelada é resfriada à temperatura de -4°C. Isso faz com que os vasos sanguíneos se contraiam o que facilita na redução da quantidade de medicação que chega até a raiz do cabelo. Durante o procedimento é comum que o paciente sinta desconforto, tontura, dor de cabeça e até frio.

Cuidados especiais

A oncologista alerta que, embora o tratamento seja eficaz, não significa que o cabelo não poderá cair. O tratamento apenas reduz consideravelmente a queda, mas o quanto vai cair dependerá da medicação e da resposta de cada paciente.

Para potencializar a ação da crioterapia, a oncologista recomenda que as pacientes lavem os cabelos apenas com shampoo infantil a cada quatro dias; lavar o cabelo diariamente nem pensar. É proibido também o uso de qualquer química e até mesmo fazer escova porque pode favorecer a queda. Outro cuidado que a médica ressalta é que a crioterapia deve acompanhar todas as sessões de quimioterapia. Se em apenas uma sessão a crioterapia for interrompida, ou suspensa, o resultado poderá ser comprometido.

Antes/ Durante / Depois (Foto: Acervo pessoal)

Outro ponto que a especialista cita é que, no caso de mulheres com o cabelo muito grande, é recomendado o corte pacial. Isso porque o excesso de cabelo pode emaranhar na touca e impedir a refrigeração uniforme do couro cabeludo.

Esse foi o caso de Mariana Sebastião, que descobriu um câncer de mama quando ainda tinha 24 anos, no início de 2016, justamente na época em que o tratamento havia acabado de chegar no Brasil. “Quando fui diagnosticada, eu sabia que eu ia perder o cabelo. Por isso já havia pesquisado sobre o assunto, mas não sabia que aqui em Salvador já tinha o tratamento. Apesar de conhecer a técnica, eu achava que era algo muito distante de mim.” Conta.

Ela ainda relata que, quando optou pela crioterapia, as enfermeiras a recomendaram dar um corte no cabelo, porque além de ser cheio e muito grande, elas alertaram para o risco do volume dos fios atrapalhar o tratamento. A quimioterapia aliada à crioterapia durou 16 sessões, em um total de 6 meses.

“Eu tive um excelente resultado, porque eu fui uma das primeiras pacientes a fazer o tratamento com o uso de medicações mais pesadas. Durante todas as sessões eu devo ter perdido no máximo uns 15 % de cabelo, sendo que a primeira medicação que eu fiz já me faria perder todo o cabelo em cerca de 20 dias.”,  relata Mariana.

Os desconfortos apontados por Mariana foram o incômodo no couro cabeludo causado pelo aperto da touca e a temperatura muito baixa, além do frio que ela sentia.

“O processo é um pouco desconfortável porque você coloca a touca na cabeça e ela é bem apertada. Quando liga na máquina vem logo aquela água bem gelada que vai preenchendo o silicone e pra você se acostumar com aquela temperatura só com o tempo mesmo. É como o gelo na pele. Na hora você sente aquele desconforto e até queima, mas depois anestesia.  Uma curiosidade também é que fazia bastante frio, então eu levava umas colchas grossas e um cházinho quente para driblar esses desconfortos”, descreveu.

Apesar dos efeitos positivos, a crioterapia não pode ser utilizada por qualquer paciente com câncer. Alguns tipos da doença não podem utilizar a técnica, como pacientes com leucemia ou linfoma.

 

*Correio



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