Flávio Bolsonaro atribui a Queiroz contratação da mãe de ex-PM suspeito de integrar milícia

Flávio Bolsonaro — Foto: Sergio Moraes/Reuters

Flávio Bolsonaro — Foto: Sergio Moraes/Reuters

O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) divulgou uma nota nesta terça-feira (22) em que atribui a seu ex-assessor Fabrício Queiroz a contratação da mãe do ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, suspeito de integrar uma milícia na Zona Oeste do Rio e considerado foragido.

Nóbrega atuou no Bope e é um dos alvos da operação deflagrada hoje pela polícia e pelo Ministério Público do RJ, na qual foram presos um major da PM e mais 4 suspeitos.

Raimunda Veras Magalhães, mãe do ex-PM, trabalhou no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do RJ. Além disso, ela aparece no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como uma das pessoas que fizeram pagamentos a Queiroz.

Segundo o Coaf, ela depositou R$ 4,6 mil na conta do ex-assessor. Raimunda aparece na folha da Alerj com salário líquido de R$ 5.124,62. A mulher de Adriano da Nóbrega, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, também trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro.

Na nota em que se defende, o senador eleito afirma o seguinte:

“Continuo a ser vítima de uma campanha difamatória com objetivo de atingir o governo de Jair Bolsonaro. A funcionária que aparece no relatório do Coaf foi contratada por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz, que era quem supervisionava seu trabalho.

Não posso ser responsabilizado por atos que desconheço, só agora revelados com informações desse órgão. Tenho sido enfático para que tudo seja apurado e os responsáveis sejam julgados na forma da lei.

Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar. Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos.”

Funcionária da Alerj

A mãe de Adriano aparece nos quadros da Alerj desde 2 de março de 2015, quando foi nomeada assessora da liderança do PP, ao qual Flávio Bolsonaro era filiado. Saiu em 31 de março do ano seguinte, quando o deputado migrou para o PSC. Em 29 de junho de 2016, foi lotada no gabinete de Flávio. Foi exonerada dia 13 de novembro do ano passado.

Mulher de Adriano, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega também foi lotada no gabinete de Flávio na Alerj, com o mesmo salário da sogra. Ela é listada na Alerj desde novembro de 2010 e foi exonerada junto com a sogra.

O que diz a defesa de Queiroz

Em nota divulgada por seu advogado na tarde desta terça, Fabrício Queiroz confirma que foi ele quem indicou a Flávio Bolsonaro a nomeação da mãe e da mulher do ex-capitão do Bope.

Queiroz diz que sugeriu as contratações para ajudar a família de Adriano da Nóbrega, que estava preso. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro, que também foi policial militar, afirma que trabalhou com o ex-capitão no 18º batalhão da PM.

“Vale frisar que o Sr. Fabrício solicitou a nomeação da esposa e mãe do Sr. Adriano para exercerem atividade de assessoria no gabinete em que trabalhava, uma vez que se solidarizou com a família que passava por grande dificuldade, pois à época ele estava injustamente preso, em razão de um auto de resistência que foi, posteriormente, tipificado como homicídio, caso este que já foi julgado e todos os envolvidos devidamente inocentados”, diz a nota.

Queiroz afirma desconhecer o suposto envolvimento de Adriano da Nóbrega com milicianos e diz repudiar “qualquer tentativa de vinculação” do seu próprio nome com a milícia.

Flávio publica versão sobre apartamento

O senador eleito, nesta terça-feira (22), também publicou uma justificativa para uma divergência entre as datas de pagamento e depósito referentes à venda de um apartamento dele na Zona Sul do Rio, como mostrou o Jornal Nacional na segunda-feira (21).

Em rede social, Flávio Bolsonaro disse que recebeu o sinal via transferências bancárias, cheques e em espécie, com princípio de pagamento em 24 de março de 2017. Segundo Flávio, isso significa que, na medida em que os pagamentos eram feitos em espécie, ele depositava o dinheiro na conta (veja mais abaixo a íntegra do texto de Flávio Bolsonaro).

Especialistas ouvidos na segunda pelo Jornal Nacional afirmam, no entanto, que a expressão “sinal” e “princípio de pagamento” é um termo técnico para designar o sinal dado em pagamento numa transação imobiliária, e que quando a escritura registra que o dinheiro foi pago, anteriormente, a título de sinal, e princípio de pagamento em 24 de março, isso quer dizer que o pagamento foi integralmente efetivado naquela data, ou até aquela data.

Íntegra da nota de Flávio Bolsonaro

“Está expresso na escritura, mas a má fé e a ânsia de tentar me atingir não têm limites!

Recebi o sinal via transferências bancárias, cheques e parte em espécie, com “PRINCÍPIO de pagamento em 24/03/2017”. Ou seja, na medida em que os pagamentos eram feitos em espécie, o MEU dinheiro era depositado na MINHA conta, como confirmado pelo próprio comprador.

A explicação para a forma de depositar, de 2 em 2 mil reais, está no próprio sigilo bancário quebrado, sem autorização judicial, e vazado criminosamente para a imprensa: ao invés de enfrentar fila e esperar a caixa conferir o dinheiro na frente de várias pessoas, os depósitos eram feitos em envelopes no caixa eletrônico, no limite estabelecido pelo banco, em poucos minutos e sem exposição.”

Fonte: G1



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