Após enxurrada, cenário é de devastação em Coronel João Sá; cemitério foi destruído

Águas passadas, prejuízos presentes. O cenário em Coronel João Sá, no Nordeste baiano, era de devastação na manhã desta sexta-feira (12). A cidadezinha de 17 mil habitantes, na divisa com Sergipe, foi atingida por uma enxurrada, após o rompimento da barragem do Quati, na vizinha Pedro Alexandre, e ainda contabiliza as perdas e danos, por ora estimados em R$ 10 milhões.

O bairro da Barroquinha é um dos mais atingidos. Nele, seis casas da Rua Velha foram interditadas pelos bombeiros. Além da ação nas residências, eles colocaram cordas sobre a ponte da cidade, que também foi interditada, para facilitar o acesso dos moradores.

Calçamento ficou destruído em diversas ruas (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

De acordo com o major Ramon Diego, do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), a estrutura teve que ser bloqueada devido ao risco de afogamentos.

“É nesse tipo de evento que se tem novas tragédias porque a população passa no local sem saber do risco e pode cair e morrer afogado ao ser levado pela correnteza”, explica ele.

Para tentar salvar seus bens, a auxiliar de serviços gerais Elenice Amorim, 55 anos, suspendeu os seus pertences em móveis mais altos, mas a força da água fez com que tudo caísse e fosse atingido pela lama.

Elenice Amorim, 55, suspendeu pertences, mas alguns a água derrubou (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

A casa dela é uma das residências em que os carros-pipa contratados pela prefeitura de Coronel João Sá trabalham para reduzir o volume de água dentro do imóvel. Lá, o serviço já durava três horas no início da tarde desta sexta.

Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Covas reviradas
A água também atingiu o cemitério municipal, que ficou completamente destruído. No local, muitas covas ficaram reviradas, por conta da força da água, e algumas cruzes foram arrancadas.

Cruz caída na entrada de cemitério, que ficou alagado nessa quinta (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

Apesar do incidente no cemitério, os 76 bombeiros que trabalham na cidade estão priorizando a atuação em locais de risco, a fim de deixar o ambiente mais seguro. A princípio, o foco estava no resgate a vítimas que foram encontradas ilhadas dentro de suas residências.

O major explica que as casas em risco foram construídas com materiais não resistentes à água, o que é agravado pela força da correnteza.

Ramon Diego ainda alerta que os moradores dos imóveis em risco devem deixar as casas e seguir com os bombeiros para um local de segurança.

“A estrutura construtiva de alguns imóveis não obedece um padrão que tem resistência e está caindo porque teve contato com a água que atingiu com força e vazão a parte construtiva. A população não pode ficar porque tem risco de colapso estrutural”, instruiu o major.

Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Situação da barragem
Apesar do governo do estado ter confirmado o rompimento da barragem, o major explicou que ainda são feitas buscas para compreender o que houve de fato na estrutura de contenção.

“A equipe técnica foi no local para fazer um sobrevoo e foi ver in loco as informações para retornar para o posto de comando. Estamos fazendo uma cobertura aérea, terrestre e aquática para ter todas as informações”, adiantou.

Sobre o risco de novos vazamentos em outras barragens, devido às chuvas na região, o major informou que está sendo feita uma apuração, mas ainda não há detalhes sobre os riscos. “As equipes vão passar [as informações] para o posto de comando”, comentou.

Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Orientações
A população ainda é instruída pelo Corpo de Bombeiros a manter a calma e se abrigar em locais altos. “Se você ficar ilhado, nunca tente atravessar a água. Procure um ponto alto do local e aguarde socorro. Muitas vezes, ao tentar atravessar que você pode ser levado. Muitas vítimas se tornam vítimas graves ou até vêm a óbito ao serem projetadas pela correnteza, que arrasta até veículos”, indicou.

Para o major Ramon Diego, eventos como os que ocorreram em Brumadinho e nessa quinta (11) em Coronel José Sá e Pedro Alexandre têm suas características próprias, mas possuem em comum o fator da surpresa.

“A força da água e a vazão que ela vem assusta. O volume, a altura, a força que ela atinge, tudo inunda rápido e, ao se sentir represado pela água, vem o pânico”, explicou.

 

*Correio



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