Tombado pelo Ipac, prédio do Instituto de Cacau tem sinais de abandono há 7 anos

Foto: Reprodução/TV Bahia

Tombando pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), o prédio do Instituto do Cacau, no bairro do Comércio, em Salvador, tem sinais de abandono há sete anos, desde um incêndio que fez parte da estrutura desabar.

Além da instituição, o imóvel abrigava também o Museu do Cacau, que desde então não foi reaberto. Atualmente, funcionam no local apenas uma agência bancária, um restaurante popular, uma agência do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) e alguns órgãos do governo estadual.

A fachada do prédio ainda preserva o nome original, mas ganhou pichações por todas as partes. No último andar do imóvel, área mais atingida pelo incêndio em 2012, escoras de ferro sustentam as pilastras e a cobertura.

Com tanto tempo de abandono, mato já cresceu em algumas janelas do prédio, que fica em uma localização turística estratégica, ao lado do Porto de Salvador. Dentro do Instituto do Cacau, um patrimônio valioso tenta resistir às ações do tempo.

Estrutura do Instituto de Cacau da Bahia caiu após incêndio — Foto: Reprodução/TV Bahia

Estrutura do Instituto de Cacau da Bahia caiu após incêndio — Foto: Reprodução/TV Bahia

Quadros, móveis coloniais, documentos, louças, urnas indígenas e outros objetos que contam a história da cultura cacaueira baiana ainda estão no instituto, fechado para visitação. Segundo o governo do estado, um estudo para determinar como dar sentido e uso para o imóvel está sendo feito.

“Quando ele foi construído isso aqui era apenas um aterro. Só tinha areia, praticamente. Ele é um dos primeiros edifícios a ser construído nessa nova área do porto, na expansão que o porto de Salvador sofreu, no começo do século”, explica o historiador Paulo Ormindo.

Dos anos 1930, o prédio é o único imóvel público de Salvador de arquitetura Bauhaus, um dos primeiros estilos de arquitetura moderna no século XX. Na época de sua construção, o Instituto do Cacau era um dos prédios mais modernos e tecnológicos da capital baiana.

Por meio de nota, a assessoria do Ipac informou que, apesar do prédio do Instituto do Cacau ser tombado, a reforma não é de responsabilidade do órgão, que é encarregado apenas do acompanhamento das propostas feitas para a revitalização.

Ainda segundo o Ipac, após o incêndio, vistorias conjuntas com técnicos da prefeitura e do governo do estado foram feitas, para se discutir e auxiliar na definição das soluções para o escoramento emergencial e recuperação da estrutura do imóvel.

O resultado foi um projeto elaborado pela Superintendência do Patrimônio da União na Bahia (SPU-BA), que foi licitado neste ano. Ainda não há previsão para o início das obras.

Instituto de Cacau da Bahia atualmente — Foto: Reprodução/TV Bahia

Instituto de Cacau da Bahia atualmente — Foto: Reprodução/TV Bahia

A Secretaria de Comunicação do governo do estado também informou, por nota, que a empresa Alpe foi contratada para fazer o escoramento e sustentação do prédio. A assessoria apura quanto foi pago por esse serviço.

De acordo com o contrato assinado este ano, para a reforma parcial do prédio na área afetada pelo incêndio vão ser gastos quase R$ 3 milhões.

A Secretaria de Comunicação informou que, em 2017, uma empresa chegou a ser contratada para fazer a recuperação estrutural da laje da cobertura. Como ela não cumpriu o acordo, o contrato foi rompido e as obras não foram executadas.

A nota ressaltou ainda que está em estudo um novo projeto para o Instituto do Cacau. O prédio pode abrigar o novo Centro de Convenções da Bahia, por meio de uma parceria público-privada.

Incêndios em 2011 e 2012

Incêndio no Instituto do Cacau em 2012 — Foto: Anderson Amaral/Arquivo Pessoal

Incêndio no Instituto do Cacau em 2012 — Foto: Anderson Amaral/Arquivo Pessoal

Uma sala no prédio do Instituto do Cacau foi atingida por um princípio de incêndio no mês de novembro de 2011. Ninguém ficou ferido na ocasião.

Oito meses depois, em julho de 2012, um incêndio atingiu o terceiro andar do imóvel. Também não houve registro de feridos, mas um homem foi resgatado da cobertura do prédio por um helicóptero da Polícia Militar.

Um dia após o fogo, parte da parede desabou, por conta da estrutura comprometida por rachaduras.

*G1



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