Vilões do sexo em Salvador são sífilis, hepatite B e HIV

Com parceiro fixo ou eventual, em qualquer modalidade, onde quiser fazer, a ideia é que sexo só combine com prazer. No entanto, o bem-bom também pode combinar com coisas bem más para a saúde, a exemplo de uma infecção sexualmente transmissível (IST).
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), as ISTs mais comuns em Salvador são sífilis, hepatite B e HIV. Próximo sábado (23), Dia de Enfrentamento da Sífilis e Sífilis Congênita, acende o alerta para os riscos – a incidência tem aumentado nos últimos meses. Veja onde fazer exames gratuitos para detectar infeções do sexo.

“A informação ajuda na prevenção. É essencial que as pessoas se previnam individualmente”, defende a infectologista Tatiana Aguiar. Vale destacar que essas três doenças devem ser, obrigatoriamente, notificadas pelas unidades de saúde.
O aparecimento de manchas nos órgãos sexuais, coceira, feridas e verrugas – dias e até meses depois da transa – pode significar contaminação por alguma IST. “Há três anos, umas manchas vermelhas apareceram no meu pênis. Fiz exames e saiu o resultado: HIV positivo”, relata Tiago (nome fictício), 27 anos. “Nunca tinha feito exames. Achava que nunca ia acontecer comigo”, conta ele, que tenta levar uma vida normal, praticando esportes, trabalhando e namorando.

Em números
Desde o início do ano, 785 casos de HIV foram notificados em Salvador. Não há detalhes sobre a faixa etária com maior incidência, mas a situação entre os jovens preocupa.
No Brasil, o número de pessoas entre 15 e 24 anos que têm HIV aumentou nos últimos anos: 17,8% dos jovens infectados em 2007 estavam nessa faixa etária e 22,7% em 2016. Atualmente, cerca de 58% das pessoas com HIV positivo no país têm entre 15 e 34 anos.

Os casos de hepatite B, outra infecção grave, também não são dos mais animadores. Em 2015, foram notificados 201 casos na capital baiana. Já no ano passado, a cidade registrou 273 notificações. Em 2017, até o momento, são 73 casos notificados no Sistema de Informação da SMS – o que, aparentemente, pode representar uma redução nas ocorrências.
Vale lembrar que é uma doença que, assim como o HIV, pode levar à morte. Segundo o Ministério da Saúde, na Bahia, entre os anos 2000 e 2015, foram 235 óbitos em decorrência de complicações da hepatite B.

Mas se os números dessa infecção – que pode ser evitada com vacina – representam algum sinal de melhora (ao menos este ano, na capital), o caso da sífilis é bem diferente.

Em Salvador, só em 2017, já foram registrados 179 casos em adultos, 457 ocorrências em gestantes e 436 de sífilis congênita, segundo a SMS.

A situação preocupa em todo o país, e os números da Bahia refletem bem isso. Se, em 2010, foram registrados 28 casos de sífilis, o número de casos foi de 988 em 2016.

Segundo especialistas, o problema do desabastecimento de penicilina, principal droga utilizada no tratamento da infecção bacteriana, pode ter contribuído para a epidemia.

Conscientização
A falta de prevenção e, claro, conscientização, é outro aspecto que contribui para agravar o problema. “Muitas pessoas acham que preservativo só evita a gravidez. Esquecem que também deve ser usado para prevenir contra as ISTs”, assinala Adele Benzaken, diretora do Departamento de Vigilância e Controle das ISTs do Ministério da Saúde.

Além disso, muitos jovens sabem que o preservativo ajuda a prevenir contra a maioria das ISTs, mas optam por não usar alegando ser mais prazeroso o sexo desprotegido. “Temos observado que a redução do uso do preservativo pela população mais jovem tem aumentado a exposição às ISTs, por isso a incidência tem aumentado”, explica Adele.

Além de estar se infectando, muitas pessoas não estão tratando das ISTs. Segundo o Ministério da Saúde, na Bahia, o índice de mortalidade por HIV aumentou em 21% entre 2006 e 2015 – em apenas sete estados (SP, DF, MG, RS e PR) dos 27 estados houve declínio desse índice no mesmo período (coeficiente de mortalidade por HIV a cada 100 mil habitantes).

Mas usar camisinha, apenas, resolve o problema? De acordo com Tatiana Aguiar, não. “A camisinha só protege a região que está coberta. Ela ajuda na prevenção”, aponta a infectologista. Então, vale a pena dar uma boa examinada no(a) parceiro(a) antes de transar ou ter algum contato físico, porque, sim, mesmo sem penetração, também pode pegar IST. “Se a pessoa tiver lesões fora do pênis, por exemplo, pode ter contágio por IST”, adverte ela. Herpes genital e  sífilis primária, por exemplo, podem ser adquiridas apenas num amasso.

Dia de enfrentamento
Entre as próximas terça (19) e sexta (22), o Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula, promoverá atividades  voltadas ao tratamento e combate da doença. No dia 23, dedicado ao Enfrentamento da infecção, ocorre uma roda de conversa com a comunidade pela manhã e teste rápido de sífilis, HIV e hepatite entre 7h e 13h.



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