Após sair do emprego, feirense usa criatividade e investe no próprio negócio

Foto: Arquivo Pessoal

O marketing é sem dúvida a alma do negócio. Ainda mais quando se trata de investir em um setor onde a concorrência é grande e trabalhar com novidades faz toda a diferença. Foi justamente pensando assim e em inovar na vida e na carreira profissional que o feirense Marcos Whinderson Pinha França de 47 anos, morador do Conjunto Feira IX, após 26 anos trabalhando como representante comercial resolveu sair do emprego e investir no próprio negócio.

Com a ajuda da família decidiu trabalhar no ramo de lanches e montar o seu foodtruck. Até então nada de anormal. Mas, quando se trata de um carro com o formato de ambulância e que tem como slogan: ‘O socorro da sua fome’, aí a história já diferente.

Marcos conta que a decisão de mudar de vida, após tantos anos trabalhando em uma empresa com vendas externas veio no ano de 2016. Com alguns problemas de saúde como ansiedade, pressão alta e excesso de peso, ele resolveu parar e sem um objetivo muito concreto pensou em ter um negócio perto de casa a princípio para trabalhar com hambúrgueres e batatas fritas. Foi então que comprou uma Kombi e depois de algumas pesquisas feitas junto com os filhos pela internet, foi adaptá-la para ser um foodtruck. O carro já tinha sido de outro proprietário que também trabalhava com lanches, mas não era ainda tão incrementado.

Quem pensa que Marcos contratou serviços de uma oficina para deixar o carro jeito personalizado que está hoje se engana. Toda a reforma da Kombi foi feita na porta de casa e com muitas mãos. Familiares e vizinhos colocaram literalmente a “mão na massa”.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Eu decidi me aventurar e trabalhar para mim. Aí pintou a oportunidade e comprei o carro. Trabalhamos a parte externa e interna. Aos poucos foi tomando forma e com força de vontade, Deus foi dando a luz”, diz.
As pesquisas feitas pela internet, com muita criatividade da família deram forma ao foodtruck “Ambulanche”.

Uma ambulância que cuida da fome dos seus clientes e há seis meses está gerando muita curiosidade e fidelizando clientes. Durante o dia o foodtruck fica próximo a Avenida Getúlio Vargas, na Rua Castro Alves e a noite, o ponto do “Ambulanche” é perto da casa do comerciante, no Conjunto Feira IX em Feira de Santana.

O carro vermelho com o nome “Ambulanche” pintado em letras grandes brancas chama a atenção por onde passa. O negócio é tão inusitado que além de comer um delicioso lanche, os clientes não deixam de registrar fotos do espaço diferenciado. Outra coisa que é muito comentada são os nomes nada comuns dos itens oferecidos do cardápio. Que aliás o nome não é cardápio e sim “receita médica”.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Marcos explica que cada detalhe do “Ambulanche” não foi copiado e tudo é criado por ele e seus familiares. O nome, por exemplo, o filho tinha uma ideia após algumas pesquisas, mas o nome oficial ele teve revelado em sonho. O cardápio do foodtruck é uma atração à parte e os hambúrgueres têm nomes de medicamentos e os beijus que também são servidos no estabelecimento têm nomes de especialidades médicas. No “Ambulanche”, são servidos também outros salgados, como pãezinhos, pasteis e coxinhas.

Imagine chegar à uma lanchonete e pedir uma dipirona, um diazepan e um pramil. Vão dizer que a pessoa não está muito bem da cabeça e no local errado. Melhor escolher uma especialidade médica ou ir a um clínico geral. Essa brincadeira toda com os nomes dos lanches gera boas risadas e comentários dos clientes. E ainda tem os nomes das bebidas no cardápio que são super originais. Água mineral é soro e refrigerante é glicose. Se o caso for mais grave o ideal é pedir um suco que é o antiflamatório e a cerveja que tem nome de antibiótico.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Os clientes adoram e acham o máximo. O sanduíche que mais tem saída é o pramil. Os clientes já chegam em grupos de amigos e dizem: Seu Marcos, me dê um pramil aí. Um pra mim e um pra meu amigo! É uma brincadeira só. E para mim a maior satisfação é ver que eles estão felizes com os produtos e com o nosso atendimento. Nesse tempo de trabalho, graças a Deus não tive nenhuma reclamação, só elogios”, acrescenta.

O pramil, item mais pedido no estabelecimento do comerciante é um sanduíche feito de pão, hambúrguer, bacon, ovo, queijo, tomate e acelga. Há uma enorme variedade e opções e o cliente pode pedir o medicamento que mais se identifica. Os preços dos lanches variam de R$4 a R$15 e o dono do Ambulanche alerta que as novidades não vão parar. Ele e os familiares que são chamados pelos clientes de doutor e equipe médica, pretendem atender a clientela devidamente uniformizados com guarda-pó branco.

Foto: Arquivo Pessoal

“Houve um dia que foi bem engraçado. Teve uma cliente enfermeira que estava saindo do plantão e foi lanchar. Ela gostou muito da nossa proposta e disse assim: Agora que eu saí do meu estresse do trabalho, vou desestressar no Ambulanche”, relatou.

Novas responsabilidades e dificuldade para trabalhar

Sobre a experiência de ser dono do próprio negócio, Marcos diz que isso traz muita coisa positiva, mais liberdade e também mais responsabilidade. Os problemas de saúde ficaram para traz e agora ele se sente mais leve, apesar de ter mais obrigações. “Tenho que entender de tudo. De administração, de cozinha, de compras e tudo mais”, acrescenta.

Para ele, uma queixa é em relação a dificuldade de trabalhar nos espaços públicos. Várias vezes precisou mudar o carro de lugar a pedido de fiscais da prefeitura. Para Marcos, falta na cidade uma lei que organize o funcionamento desses empreendimentos e dê mais autonomia e incentivo aos trabalhadores.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Gostaria que tivesse espaço para que a gente que tem o nosso negócio organizado, com tudo certinho pudesse trabalhar. Ter algumas áreas, por exemplo, que a gente pudesse estacionar nosso carro e ganhar nosso pão. Vejo essa dificuldade muito grande aqui em Feira de Santana. Em várias cidades e outros estados as pessoas que trabalham com foodtrucks atuam com tudo regulamentado”, afirma.

Acordando todos os dias às 5h e indo dormir 1h do dia seguinte, Marcos conta que fazer o que gosta não lhe traz cansaço. Ele se sente feliz e revitalizado. Com o trabalho a todo vapor, a equipe do “Ambulanche”, não tem folga. O plantão é diário e a missão é socorrer quem está com fome com qualidade e bom atendimento.

*Acorda Cidade



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