Feliciano diz que lutas feministas podem criar sociedade predominantemente homossexual

Depois de declarações consideradas racistas e homofóbicas, o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, Marco Feliciano (PSC-SP), abriu polêmica com outro setor historicamente oprimido: as mulheres. Em entrevista para o livro Religiões e política; uma análise da atuação dos parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e LGBTs no Brasil, o deputado critica as reivindicações do movimento feminista e afirma ser contra as suas lutas porque elas podem conduzir a uma sociedade predominantemente homossexual. As informações são das Agência O Globo.
“Quando você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos do homem, ela querendo trabalhar, a sua parcela como mãe começa a ficar anulada, e, para que ela não seja mãe, só há uma maneira que se conhece: ou ela não se casa, ou mantém um casamento, um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo, e que vão gozar dos prazeres de uma união e não vão ter filhos. Eu vejo de uma maneira sutil atingir a família; quando você estimula as pessoas a liberarem os seus instintos e conviverem com pessoas do mesmo sexo, você destrói a família, cria-se uma sociedade onde só tem homossexuais, você vê que essa sociedade tende a desaparecer porque ela não gera filhos”, diz ele na página 155, em declaração dada em junho de 2012.

Feliciano preside reunião da CDH por apenas 8 minutos

No Twitter, em 2011, os alvos de críticas do pastor parlamentar foram os negros e os homossexuais. Para ele, os africanos são descendentes de um “ancestral amaldiçoado por Noé” e sobre a África repousam maldições como o paganismo, misérias, doenças e a fome.”Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss”, disse em mensagem postada em seu perfil.
Sobre as relações entre pessoas do mesmo sexo, ele chegou a afirmar que “a podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição”. Segundo ele, a mensagem foi uma resposta a ataques que diz sofrer de grupos defensores da causa dos homossexuais. Escolhido pelo PSC para comandar a Comissão de Direitos Humanos, essas declarações foram utilizadas por movimentos sociais e partidos de esquerda como argumento para tentar impedir que ele assumisse o cargo. Apesar das manifestações contrárias, ele foi eleito no último dia 7.
Segundo o pesquisador Paulo Victor Lopes Leite, do Instituto de Estudos da Religião (Iser), um dos autores do estudo, a posição de Feliciano sobre os direitos das mulheres não é exceção: refletiria o pensamento majoritário defendido pelos integrantes da Frente Parlamentar Evangélica. “Constatamos que os parlamentares evangélicos trabalham com a ideia de pânico moral, que se manifesta sempre que qualquer atitude ou comportamento se mostra diferente do conceito de família patriarcal, com pai, mãe e filhos. É a ideia de pânico moral que faz com que rejeitem qualquer transformação natural da sociedade, como o casamento igualitário e a necessidade de se discutir a legalização do aborto” avalia.
As afirmações de Feliciano provocaram revolta nos movimentos feministas. Para Hildete Pereira de Melo, professora da Universidade federal Fluminense (UFF) e pesquisadora de relações de gênero e mercado de trabalho, as convicções do parlamentar são atrasadas porque não acompanham as necessidades da sociedade.
“Ele é misógino e homofóbico. Desde a invenção da pílula anticoncepcional, os casais heterossexuais podem manter vida sexual ativa sem que a gravidez ocorra. Atribuir aos homossexuais a responsabilidade pela destruição da família é um delírio. A destruição tem como culpado o homem, que sai de casa e abandona os filhos quando o relacionamento termina. É preciso entender que os filhos são responsabilidade do casal, e não apenas da mulher”, critica.



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