Sem combustível, motoristas esgotam estoques de álcool em farmácias

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A crise de combustível que assola o país está fazendo com que os motoristas adotem medidas pouco convencionais. Donos de farmácias do Distrito Federal estão vendo seus estoques de álcool sumirem das prateleiras por conta de consumidores que estão utilizando os produtos para abastecer os veículos.

De acordo com Uesder Gomes, gerente da Fort Farma, a procura pelo líquido aumentou de forma considerável nos últimos dias. “Vendemos diariamente entre duas e três unidades. Nos últimos três dias, comercializamos 84 garrafas”, calcula. Segundo ele, a procura ocorre tanto por motociclistas como por motoristas automóveis de passeio.

“O cliente que levou a nossa última unidade disse ter perguntado para um frentista se poderia utilizar esse tipo de produto para abastecer a moto e foi informado que não havia problema. Como ele queria só um pouco para conseguir chegar até o destino, decidiu colocar”, conta. Segundo Gomes, o estoque de sua loja está esgotado. Cada garrafa de um litro é vendida, em média, por R$ 7.

Josué Rocha, gerente da Drogaria Express, em Taguatinga, diz que notou o aumento na demanda desde a última quinta-feira (24/5). “A procura cresceu quando começou a faltar combustível nos postos. Os clientes passaram a buscar o álcool tanto em supermercado quanto em farmácias”, aponta. Porém, segundo ele, o uso do produto é restrito. “Não é aconselhável, por exemplo, a utilização de álcool com teor de 70º GL”, diz.

Ele tem razão. Apesar de soar estranho, é possível, sim, usar, em casos de extrema urgência, um tipo específico de álcool vendido em farmácias em carros flex. Porém, é preciso se atentar à graduação ºGL (Gay-Lussac) informada nas embalagens. Esse tipo de medida indica a concentração de álcool puro existente em cada 100ml de mistura com água. Para se ter uma ideia, o etanol hidratado vendido nos postos de combustível possui teor de 93 ºGL, ou seja, por litro, há 930ml de álcool puro e 70ml de água (equivalente a 7%).

Em entrevista a site o diretor de combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Rogério Gonçalves, explica que álcool com graduação de 54%GL (encontrado em supermercados e utilizados para limpeza doméstica) não consegue ser vaporizado e dificilmente faz o motor a combustão funcionar.

No entanto, o álcool acima de 93º GL disponível em farmácias pode ser usado em automóveis bicombustíveis, pois a sua graduação é maior que a do etanol comercializado nos postos. Porém, vale ressaltar que a medida é apenas para situações emergenciais – o que para muitos significa a que o país atravessa no momento.

*Metrópoles



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