Morre Hélio Eichbauer, o mais importante cenógrafo brasileiro

Foto: Divulgação

Morreu na madrugada deste sábado (21), o cenógrafo Hélio Eichbauer, aos 76 anos, de um infarto fulminante. Hélio é o mais importante artista da cenografia brasileira e, com certeza, um dos maiores do mundo. Sua criação para o visual do espetáculo “O Rei da Vela”, montado pelo Teatro Oficina em 1967, já é uma lenda, um ícone da cultura brasileira moderna. “Hélio Eichbauer é tão importante quanto Hélio Oiticica”, disse o diretor José Celso Martinez Correa em uma entrevista sobre o Tropicalismo.

Aos 30 anos, Eichbauer já era medalha de ouro na Quadrienal de Praga, o maior prêmio da cenografia mundial. Trabalhou com Eros Martim Gonçalves nas montagens de “Verão”, de Roman Weingarten, também em 1967 (cenário que lhe valeu um “Molière”), e de “Álbum de Família”, de Nelson Rodrigues, em 69, em que transformou o palco em uma grande tela fracionada onde a projeção de imagens apresentava o mundo interior das personagens e ora contradizia ora reforçava os diálogos. Revolucionário é a palavra.

Na música popular, colaborou com nomes como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Marisa Monte, Gal Costa e Adriana Calcanhotto, entre outros. Trabalhos que lhe renderam alguns Prêmios Sharp. Em cartaz atualmente, tantos os cenários de “Ofertório”, show de Caetano e filhos, quanto o de “Refavela 40”, em que Gil celebra e atualiza o disco de 1977, são de Hélio. “Ele sabia tudo de arte, era uma pessoa sensível, amiga e genial. O Brasil perde muito”, diz a fotógrafa Lita Cerqueira ao Metro1.

Discípulo do checo Josef Svoboda, batizado com o mesmo nome, ou seja, xará do sol (em grego: Ἥλιος), Hélio Eichbauer deixa um legado de sensibilidade reflexiva e/ou de reflexão sensível para as artes. Gravidade sem gravidade. Centro sem centro. Nas palavras de Sábato Magaldi, em artigo publicado no “Jornal da Tarde” em 1972, a cenografia de Hélio Eichbauer “não cria apenas um ambiente, mas funciona como um órgão vivo, que projeta, ilustra e até contradiz a ação dramática”. Um gênio brasileiro que se vai. Mas fica.



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