Região no Amazonas tem um médico para 17 mil indígenas

Uma área com 17 mil indígenas e 120 aldeias está na lista dos distritos indígenas que concentram 59% das vagas não ocupadas dos Mais Médicos. O Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de Parintins, no Centro Amazonense, tem atualmente somente um médico atuando, conforme o diretor do distrito, José Augusto.

Preencher todas as 12 vagas de profissionais deste Dsei está entre as missões do Ministério da Saúde, que prorrogou prazos dos editais para todas as vagas ainda abertas no Brasil e que espera que os mais de 8 mil médicos formados no exterior que se inscreveram na 2ª etapa do programa preencham 100% das vagas, inclusive nas áreas isoladas (veja íntegra do posicionamento do ministério ao fim da reportagem).

Os desafios, porém, são vários, conforme constatou a equipe de reportagem do G1 em visita ao distrito (veja abaixo) e no levantamento dos cenários (distância do local, perfil do médico e plano de carreira) que tornam as vagas menos atrativas para os médicos.

Das 106 vagas que não foram ocupadas no Mais Médicos, 63 estão em Dseis. No Brasil, 301 dos 529 médicos nos distritos indígenas eram cubanos — 57%, segundo o Ministério da Saúde. A população atendida nos distritos de saúde indígena é de 818 mil pessoas, segundo o governo federal.

A viagem é longa até a aldeia Kassauá, onde vive o povo Hixkaryana, no coração do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de Parintins. Eles também estavam entre os povos indígenas beneficiados pelo atendimento dos médicos cubanos.

Para alcançar a aldeia Kassauá preciso pegar um avião e viajar 40 minutos até a sede do Dsei de Parintins. De lá, são mais dois dias de barco até a comunidade, que fica a mais de 280 km do município de Nhamundá. Com a baixa adesão de novos profissionais, o cacique do povoado lamenta o fim da parceria com Cuba.

Desde a implantação do programa e da chegada de cubanos ao interior do Amazonas, os passaram a receber – e aceitar – a ajuda da medicina tradicional. Aprenderam o valor do convívio e da ajuda externa. Abriram as portas de sua Mayá (a grande casa de encontro da aldeia) para aqueles que abraçaram a saúde indígena. Agora, eles lamentam a falta de médicos.

Com a saída dos cubanos, foram abertas 12 vagas para o Mais Médicos na área indígena. Segundo o Ministério da Saúde, ao fim do edital da primeira etapa de seleção, três vagas seguiram em aberto na área. O diretor do distrito, José Augusto, no entanto, diz que apenas duas delas foram preenchidas. Nove se inscreveram, mas não se apresentaram ainda. Na última sexta (14), o Ministério da Saúde prorrogou o prazode apresentação dos médicos para o dia 18 de dezembro.

Atualmente, apenas um médico – brasileiro formado em Cuba – é responsável pelo atendimento de 17 mil indígenas, distribuídos em mais de 120 aldeias.

Por lá, a maioria dos atendimentos é voltado a problemas musculares crônicos, que são muito comuns entre os índios da região, e problemas estomacais. O primeiro decorre da prática e constância do esforço físico dos índios. O segundo está diretamente relacionado à má qualidade da água consumida.

Fonte G1



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