Morre Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU e Nobel da Paz

Kofi Annan em dezembro de 2017 (Foto: Joel Saget / AFP)

Morreu neste sábado (18), aos 80 anos, Kofi Annan, ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e Prêmio Nobel da Paz.

Annan, de nacionalidade ganense, morreu durante esta madrugada em um hospital em Berna, na Suíça, informou a fundação Kofi Annan nas redes sociais.

A causa da morte ainda não foi divulgada.

O atual secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, escolhido por Annan para chefiar a agência de refugiados da organização, conta em um comunicado o que ele representava para as Nações Unidas.

“De muitas maneiras, Kofi Annan era as Nações Unidas. Ele subiu nas hierarquias para liderar a organização no novo milênio com inigualável dignidade e determinação ”, disse.

Trajetória

Economista, educado nos Estados Unidos e na Suíça, no comando da ONU tratou de temas até então considerados periféricos: a pobreza, o drama dos refugiados, o subdesenvolvimento e a Aids.

Kofi Annan foi o primeiro negro a assumir o cargo de chefe da ONU, onde ficou por dois mandatos, de 1997 a 2006.

Em 2001, ele e as Nações Unidas receberam em conjunto o Prêmio Nobel da Paz. Annan foi elogiado por ser “preeminente em trazer vida nova para a organização”.

Durante a sua gestão na ONU, ele foi criticado pelo seu posicionamento perante ao genocídio de Ruanda e do massacre de Srebrenica, naBósnia. Naquele período, o seu departamento havia ignorado informações que haviam sido passadas, alertando que o genocídio de Ruanda estava sendo planejado. Anos depois, no 10º aniversário do genocídio, Annan reconheceu suas deficiências.

“Na época, acreditei que estava dando o melhor de mim. Mas eu percebi depois do genocídio que havia mais que eu poderia, e deveria ter feito, para soar o alarme e apoio. Essa memória junto com a da Bósnia, é dolorosa, influenciou muito do meu pensamento, e muito das minhas ações, como secretário-geral”, disse ele em 2004.

Em sua entrevista de despedida das Nações Unidas, ele contou que a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003 foi um de seus piores momentos no cargo.

“O pior momento foi a guerra do Iraque que, como organização, não pudemos deter embora tenhamos feito tudo para isto”, disse.

Legado pós ONU

No ano de 2007, ele criou a Fundação Kofi Annan, onde mobilizou a vontade política para superar as ameaças à paz, ao desenvolvimento e aos direitos humanos. No mesmo período, ele se juntou ao grupo de elite de ex-líderes fundados por Nelson Mandela, conhecido como The Elders, o objetivo era resolver a guerra civil na Síria.

Posteriormente, Annan serviu como enviado especial da ONU na Síria, e liderou esforços para encontrar uma solução pacífica para o conflito.

Annan voltou sua atenção para o futuro, estabelecendo os Objetivos do Milênio, um conjunto de metas a serem cumpridas até 2015, de reduzir à metade as taxas de pobreza extrema para deter a disseminação da Aids.

Outro momento marcante na luta de Annan pelos diretos humanos foi o acordo do Quênia, em 2008. Naquele momento, o país enfrentava uma grave crise política e social e o ex-secretário foi o mediador entre o governo e a oposição.

*G1


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