Operações da PM tiveram 42 pessoas mortas em 10 dias no Rio

A operação da PM que terminou com 13 mortes em favelas da Região Central do Rio, no último dia 8, fechou uma sequência sangrenta de 10 dias em que policiais militares mataram 42 pessoas. A média é de quatro mortes por dia. Um levantamento feito pela PM e enviado ao Ministério Público revela que, de 30 de janeiro a 6 de fevereiro — antevéspera da operação —, 29 pessoas haviam sido mortas em confrontos com a PM.

A operação nos morros dos Prazeres e Fallet/Fogueteiro não foi a única com registro de múltiplas mortes no período: apenas dois dias antes, uma operação do 24º BPM (Queimados) registrou cinco mortos nos morros da Caixa D’água e São Simão. A PM afirma ter apreendido drogas e quatro pistolas com os suspeitos.

Em janeiro deste ano, o número de mortos em confrontos diminuiu 19% em relação a 2018: caíram de 157 para 127, segundo dados preliminares do Instituto de Segurança Pública (ISP). O órgão, no entanto, contabiliza mortes em confrontos com qualquer agente de segurança, não somente com PMs.

Ao todo, cinco inquéritos diferentes foram abertos na Divisão de Homicídios (DH) para investigar as mortes nos morros dos Prazeres e Fallet. Um deles investiga exclusivamente a ação do Batalhão de Choque numa casa na Rua Eliseu Visconti, que terminou com nove mortos. A PM afirma que houve confronto no local. Foram apreendidos dois fuzis e dez pistolas. Ainda de acordo com a polícia, 11 pessoas foram presas na casa. Já parentes das vítimas — que não negam envolvimento delas com o tráfico — afirmam que elas foram executadas.

Vídeo rebate primeira versão oficial

Um vídeo que circula nas redes sociais e já está em posse do Ministério Público mostra uma viatura do Batalhão de Choque na frente da casa onde 10 pessoas foram mortas no Morro do Fallet, no Rio Comprido. A gravação, de quatro minutos, registra os tiros dados durante ação e o transporte das vítimas, que chegaram mortas ao Hospital municipal Souza Aguiar.

O vídeo é mais uma evidência que vai de encontro à primeira versão apresentada pela PM para as mortes. Em nota, a corporação afirmou, na sexta-feira, que os mortos “foram encontrados em vias da comunidade”. Em nova nota enviada ontem, a corporação se limitou a dizer que, ao todo, “15 foram encontrados feridos e socorridos para o hospital”. Treze não resistiram aos ferimentos.

Outro inquérito foi aberto para investigar as mortes de Matheus Lima Diniz, de 22 anos, e Michael da Conceição de Souza, de 20, encontrados mortos por moradores numa mata atrás do Morro dos Prazeres, no último sábado. As mortes foram registradas como homicídios dolosos, e não como autos de resistência, já que nenhum agente admitiu ter disparado em direção aos jovens.

*Extra



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