Número de policiais assassinados no Pará se iguala ao do Rio

O Pará atingiu neste ano média de um policial assassinado por semana. São 13 mortes violentas de agentes de segurança, mesmo patamar do Rio de Janeiro, estado marcado pelo alto número tanto de pessoas mortas pela PM como de policiais assassinados.

O balanço feito pela Folha foi finalizado na última sexta-feira (5). Naquele mesmo dia, o cabo da reserva Silvio Nazareno Farias Pinto, 54, estava sentado perto de sua casa, em Belém, quando foi baleado por um homem, ainda não identificado.

A vítima foi socorrida, mas morreu. Casado, o policial deixa dois filhos.

O Rio, estado onde a polícia mais matou e morreu em 2017 em números absolutos, registrou neste ano 13 mortes de agentes de segurança. Destes, 12 eram PMs (7 mortos em ações violentas), e um era policial civil, por suicídio.

O Pará tem a metade da população do estado do Rio.

No estado do Norte, ao contrário do Rio, todas as mortes violentas de policiais em 2019 não ocorreram em serviço. Segundo o governo estadual, eles estavam de folga ou faziam bicos como segurança.

Dois dias antes da morte do cabo Farias Pinto, o sargento Valdenilson Silva, 54, morreu em Anapu, no sudeste do estado, numa troca de tiros em área de conflito fundiário, a 750 km de Belém.

Ele e outros quatro estavam encapuzados e tentavam retirar ilegalmente famílias de terras na Vila de Itatá.
“Ele foi fazer um serviço ilegal, por conta, para reintegrar área a um pedido particular, encapuzado, completamente ilegal”, afirmou o secretário de Segurança do Pará, Ualame Machado.

A segurança pública foi a principal bandeira do governador Helder Barbalho (PMDB) na eleição de 2018.
Barbalho participou do enterro de Max Ferreira, 48, sargento morto após ser baleado quando atuava como segurança em um mercado nos primeiros dias de janeiro, início de mandato do governador.

No fim de março, o governo federal autorizou o envio de 200 homens da Força Nacional ao estado, para atuar principalmente em sete dos bairros mais violentos da Grande Belém.

“Reconvocação de homens da reserva para segurança patrimonial, o pagamento por jornadas extraordinárias e a construção de conjuntos habitacionais para policiais são as medidas que estamos tomando”, lista o secretário de Segurança Machado. “Sem apoio, a grande maioria pode ir para o bico ou para o crime.”

Outro ponto comum é que as mortes, em geral, ocorreram em bairros alvo de disputa de facções pelo controle do tráfico de drogas ou com atuação de milícias, grupos armados que podem ou não envolver agentes de segurança.

O estado vive uma escalada de violência, com casos de múltiplos assassinatos em um curto espaço de tempo, dias depois da morte de policiais.

Num intervalo de dois dias em abril do ano passado, 18 pessoas foram mortas na Grande Belém após a morte da PM Maria de Fátima dos Santos, em casa, de folga.

Três semanas antes, outras 12 foram assassinadas depois de dois PMs serem mortos.

Em um dos casos mais graves, no início de 2017, 30 pessoas foram assassinadas em dois dias na capital paraense, também na sequência da morte de um soldado da PM.

Apesar de policiais, as estatísticas do Pará apontam para redução de 24,6% dos homicídios e de 32% nos latrocínios no primeiro trimestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2018.

Para Machado, as mortes de policiais estão ligadas a problemas como conflitos agrários ou de grupos de policiais, da ativa e da reserva, com facções criminosas.

“Ou mesmo entre grupos de policiais rivais na região metropolitana. Nossa situação é diferente da do Rio. Não tivemos mortes de policiais em combate ao crime.”

Balanço do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra queda nos números de policiais mortos em serviço em todo o País (de 160, em 2012, para 77 em 2017), enquanto os que morreram em confrontos ou por lesões não naturais durante folgas crescem.

Passaram de 287 (em 2012) para 336 (em 2014) e chegaram a 290 (em 2017).

No ranking de estados com mais policiais assassinados, o Pará fica em terceiro lugar, com 37 registros em 2017 (só 35% estavam em serviço). Apenas o Rio de Janeiro (104) e São Paulo (60) naquele ano ficaram à frente.

*Folha



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