Odebrecht destinou dinheiro ‘via bônus’ a Neto, Pelegrino e Kertész

Três candidatos a prefeito de Salvador em 2012 aparecem como destinatários de pagamentos “a serem efetuados via bônus” pela Odebrecht, conforme documento apreendido pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

ACM Neto (DEM), Nelson Pelegrino (PT) e Mário Kertész (PMDB) estão em lista enviada por e-mail pelo executivo da Odebrecht Luiz Eduardo da Rocha Soares – considerado foragido pelo juiz Sérgio Moro – a outros dois executivos da empreiteira: Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, e Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, preso preventivamente nesta terça-feira (22), durante a 26ª fase da Lava Jato, denominada Operação Xepa.

Em e-mail datado de 29 de agosto de 2012, Luiz Eduardo escreve aos outros dois funcionários da Odebrecht: “Como alinhamento e concordância de vocês, passo os pagamentos a serem efetuados via bônus para os próximos dias”. Ao final, Luiz Eduardo pede um “de acordo” dos colegas. Neto aparece como destinatário de R$ 400 mil, Kertész de R$ 250 mil e Pelegrino de R$ 200 mil. Outro petista baiano, Carlos Martins, atualmente secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia, aparece ao lado do valor de R$ 100 mil. Ele concorreu à prefeitura de Candeias, na Região Metropolitana, naquele ano.

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Todos os baianos, mais João Alves (DEM-SE), aparecem associados a André Vital, diretor-superintendente da Odebrecht Infraestrutura – Brasil nos estados da Bahia e Sergipe. O e-mail dá a entender que Vital seria o responsável por tais pagamentos.

Em outra anotação de caderno, os quatro postulantes aos executivos municipais da capital e da cidade da RMS aparecem com os nomes escritos a mão, seguidos pelos valores 200, 500 – para Pelegrino –, 400 – para Neto –, 250 – para Kertész – e 100, para Martins.

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Planilhas – Os três prefeituráveis soteropolitanos também figuram em planilhas apreendidas da Odebrecht, cuja contabilidade paralela foi alvo da 26ª fase da Lava Jato.

Apesar de a presença na lista da construtora não significar obrigatoriamente que os políticos tenham recebido propina da empresa, nenhum dos três obteve doações oficiais da empreiteira em 2012, segundo o sistema de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nas planilhas da Odebrecht, Neto aparece como destinatário de R$ 2 milhões, Pelegrino de R$ 1,5 milhão e Kertész de R$ 1,1 milhão. Outras construtoras, como OAS, Andrade Mendonça, Costa Andrade e André Guimarães estão na lista de doadores oficiais dos mencionados prefeituráveis, ainda de acordo com o sistema do TSE.

Outro Lado – Sobre a inclusão do seu nome em uma lista de políticos que teriam recebido dinheiro da construtora Odebrecht para sua campanha eleitoral de 2012, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), informou, em nota distribuída à imprensa, nesta quarta-feira (23), que as doações da empreiteira à sua campanha seguiram todas as normas da legislação eleitoral. “A Odebrecht repassou recursos para o Democratas e o partido transferiu para a campanha, dentro do que determina a lei. Está tudo contabilizado na prestação de contas encaminhada à Justiça Eleitoral”, diz o comunicado.

O radialista Mário Kertész, que disputou as eleições de 2012 pelo PMDB, disse ao bahia.ba não ter referência sobre doações à sua campanha. O ex-candidato tratou a questão em tom de ironia e afirmou ter gostado mesmo da divulgação do apelido em que é identificado na lista. “Não tenho nada a comentar, a não ser que gostei muito do codinome Roberval. Me lembra o personagem de Chico Anysio, Roberval Taylor”, brincou o radialista.

Já o deputado federal licenciado Nelson Pelegrino (PT) – atual secretário de Turismo da Bahia – declarou, em nota encaminhada à reportagem, que “as doações recebidas para campanhas eleitorais aconteceram rigorosamente dentro dos parâmetros legais. As referidas doações foram declaradas ao Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, que analisou e aprovou as contas”.

(Bahia.Ba)



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