Prestes a deixar a prisão, Nestor Cerveró coloca tornozeleira

O ex-diretor da área Internacional daPetrobras Nestor Cerveró, que está preso desde janeiro de 2015 pela Lava Jato, colocou tornozeleira eletrônica nesta quinta-feira (23), na sede da Justiça Federal, em Curitiba. Ele firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e deve deixar a carceragem da Polícia Federal (PF) na sexta (24).

O ex-diretor já foi condenado pela Lava Jato em duas ações penais a 27 anos e quatro meses de prisão e responde por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele também é reú em outros dois processos.

O acordo prevê que Cerveró devolva mais de R$ 17 milhões aos cofres públicos em razão dos crimes cuja autoria assumiu durante as investigações da Lava Jato. O conteúdo do acordo se tornou público por decisão do ministro Teori Zavascki, doSupremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a pedido da Procuradoria Geral da República.

Além da devolução do valor, o acordo também prevê que Cerveró só possa ser condenado a, no máximo, 25 anos de prisão, somando todos os processos a que responde na Justiça.

Com isso, ele cumprirá 1 ano, 5 meses e 9 dias em regime fechado na carceragem daPolícia Federal. Como foi preso pela PF em janeiro de 2015, ele deverá continuar a cumprir pena em casa a partir desta quarta, utilizando a tornozeleira eletrônica.

De acordo com a Polícia Federal (PF)  e com o Ministério Público Federal (MPF), Cerveró, na condição de diretor Internacional da Petrobras, se beneficiou do esquema de fraude, corrupção e desvio de dinheiro, recebendo propinas milionárias em virtude de diferentes contratos da Petrobras e também na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

A deleção premiada dele foi homologada após a divulgação de uma gravação feita numa reunião do senador Delcídio do Amaral com o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e o filho de Cerveró, Bernardo. Diogo Ferreira teve a prisão temporária convertida para preventiva.

Proximidade com políticos
Cerveró declarou no depoimentos de delação, em dezembro de 2015, que mantinha proximidade com Delcídio desde quando o senador trabalhava na Petrobras. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Delcídio chegou a ocupar a diretoria de Gás e Energia.

Segundo o delator, o senador recebeu propina em pelo menos dois contratos firmados entre multinacionais e a estatal brasileira.

O ex-diretor da Petrobras disse que em uma das oportunidades recebeu entre US$ 600 mil e US$ 700 mil de propina. Ele acredita que Delcídio tenha recebido uma propina maior, já que era superior hierárquico na diretoria de Gás e Energia.

A proximidade entre os dois permaneceu com a eleição de Delcídio para o Senado e com a ascensão de Lula à presidência. Segundo Cerveró, em 2006 o senador o procurou para lhe ajudar a angariar US$ 2,5 milhões de propina. O valor seria usado para a campanha de Delcídio o governo de Mato Grosso do Sul.

No dia do depoimento, a defesa do senador Delcídio Amaral preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Devolução de valores
Veja abaixo o que o ex-diretor da Petrobras se comprometeu a devolver aos cofres públicos:

– R$ 825 mil que estão em fundos de investimento (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União);

– Transferência imediata de 10.266 ações da Petrobras à empresa;

– 1 milhão de libras esterlinas em contas em Londres (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União);

– US$ 495 mil em contas sob controle da offshore Russel em Nassau, Bahamas (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União);

– R$ 6 milhões em dinheiro (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União) até o dia 1º de janeiro de 2017. Caso não cumpra o prazo, perderá um imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro;

– R$ 400 mil em dinheiro (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União) até 30 de junho de 2017. Caso não cumpra o prazo, perderá duzentos e vinte e dois hectares da Fazenda Serra da Estrela, em Teresópolis (RJ);

– R$ 2,4 milhões (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União) até janeiro de 2017. Caso não cumpra o prazo, perderá um segundo imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro;

– R$ 700 mil (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União) até 1º de janeiro de 2017. Caso não cumpra o prazo, perderá um terceiro imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro;

– R$ 200 mil (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União). Caso não cumpra o prazo, perderá um terreno de 1 mil m² quadrados no Rio de Janeiro;

– R$ 900 mil (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União). Caso não cumpra o prazo, perderá um quarto imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro.

*G1



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