SAJ: “Somos famílias exercendo sua cidadania para acessar direitos”, diz nota enviada pelos ocupantes da área próxima ao Clube dos Mil

 

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Os ocupantes da área próxima ao Clube dos Mil enviaram uma nota ao Blog do Valente, na qual explicam os motivos das manifestações e reivindicam por moradia. Confira na íntegra a nota abaixo:

Na cidade de Santo Antônio de Jesus o preço de um pedaço de terra torna impossível a compra por parte das famílias de trabalhadores e trabalhadoras. No mesmo caminho, os aluguéis são extremamente caros, e quando as famílias conseguem pagar ficam prejudicadas no atendimento de outras necessidades, como alimentação, transporte, saúde, educação, lazer. Os programas de habitação popular são totalmente insuficientes para atender o direito à moradia das famílias de baixa renda, e muitas vezes são implantados sem atender aos que mais precisam.

De outro lado, nós temos uma cidade que só cresce com a construção de novos loteamentos e condomínios de luxo (a maioria fechados e de acesso exclusivo) para as pessoas de alta renda. Uma cidade cheia de grandes terrenos sem utilização nenhuma, servindo apenas para engordar os bolsos dos grandes empresários. Ou seja, vemos o povo se apertando em pequenos espaços de terra, enquanto uma minoria privilegiada tem na terra um meio pra ficar ainda mais rica, sem dar a ela nenhuma função produtiva ou social. Descumprem assim o que está na Constituição Federal, que diz que toda propriedade urbana ou rural deve cumprir sua função social.

Diante dessa realidade, a ocupação, feita de forma pacífica, de uma grande área próxima ao clube dos mil, que estava abandonada há mais de 40 anos, sem nenhum tipo de uso pelo suposto proprietário, é uma forma legítima de reivindicar que as autoridades assumam seu dever de garantir o direito à moradia para a população de Santo Antônio de Jesus. São cerca de mil famílias que hoje alimentam a esperança de ter seu pedaço de terra para plantar alimentos e criar seus filhos, que já começaram a dar um uso social e com preocupações ambientais a um terreno que só servia para ações ilegais, como derrubada de árvores, extração ilegal de areia, entre outras.

Diferente do que alguns andam dizendo, não somos aproveitadores, nem baderneiros. Somos famílias se organizando e exercendo sua cidadania para acessar direitos. Somos santoantonienses cansados de esperar pelas promessas eleitorais de vereadores, prefeitos, deputados e etc. Somos o povo em luta pelo direito de dar condições de vida digna aos nossos filhos e filhas.

Por tudo isso, queremos contar com o apoio dos que acreditam que é possível construir uma cidade democrática, justa e sem desigualdade. Por tudo isso, estamos unidos e organizados para reivindicar que o Poder Público tome todas as medidas necessárias para garantir nosso direito à terra e à moradia. Queremos que o Poder Público cumpra seu dever, adquira a área (por exemplo, por meio da desapropriação de interesse social) e nos ajude a criar o loteamento mais democrático que essa cidade já viu, que nos ajude a construir um bairro popular com habitações dignas, com praças, quadras de esporte, postos de saúde, escolas, creches, áreas verdes e tudo que temos direito.

Vamos continuar lutando pelo cumprimento da função social das grandes propriedade urbanas e pelo nosso direito à terra e à moradia! Vamos continuar lutando para criar o bairro popular mais bonito, democrático e digno que Santo Antônio já teve.



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