Bahia ganha primeiro Centro Dia para crianças com microcefalia

Crianças com microcefalia e deficiências associadas poderão ser acompanhadas no Centro Dia, equipamento inaugurado nesta segunda-feira, 4, pela prefeitura e que conta com equipe formada por assistente social, psicólogo, terapeuta ocupacional, cuidadores e auxiliares.

Localizado no térreo do Edifício Cosmopolitan Mix, no Parque Bela Vista, e com custo mensal de R$ 340 mil, o espaço funcionará, segundo a secretária municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), Tia Eron, nos “moldes de uma creche”. Do montante, R$ 300 mil serão recursos da prefeitura e R$ 40 mil do governo federal.

A capacidade do centro é atender, segundo Tia Eron, cerca de 100 crianças por dia, de segunda a sexta-feira, gratuitamente. Os pais e mães poderão deixar os pequenos no local, enquanto trabalham ou resolvem pendências. Nas salas do centro, há equipamentos e brinquedos para estimular as crianças.

“A mãe chega e deixa a criança nas mãos dos profissionais. O foco é atender crianças que tiveram microcefalia, mas o centro atenderá também aquelas que têm outros tipos de deficiência”, afirmou a secretária. Segundo Tia Eron, qualquer mãe que tenha um filho com microcefalia poderá ser atendida no local, que trabalhará com demanda espontânea.

“É o primeiro Centro Dia da Bahia e estamos implantando em parceria com o governo federal; o objetivo é dar assistência às crianças e famílias que foram vítimas do zika vírus”, disse o prefeito ACM Neto. O gestor contou, ainda, que a prefeitura está “em articulação” com a secretaria municipal de Educação para garantir que “as crianças que tiverem condições de frequentar creches e pré-escolas sejam matriculadas no próximo ano.

Reclamações

Durante a inauguração, o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, destacou que o equipamento é um dos oito que estão sendo criados no país, principalmente no Nordeste. “Esse centro é o primeiro (inaugurado) em capital. Vai se articular com área de creche e reabilitação física para que as crianças possam ficar durante todo o dia tendo o atendimento  que precisam. No Brasil, são quase três mil crianças nessa situação”, ressaltou o ministro. Até agosto deste ano, 251 casos foram confirmados pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Durante sua fala, o ministro foi interrompido várias vezes por mães de crianças com microcefalia que acompanhavam a inauguração. Elas reclamaram de “demora dos poderes públicos de agir”. “Nós fomos vítimas da falta de saneamento básico, ministro. Não foi a zika”, disse uma das mães presentes. “As ações precisam ser emergenciais. É para ontem. Minha filha já tem 2 anos. Precisa ser mais rápido”, bradou outra mãe. Em resposta, o ministro afirmou que encaminharia as demandas para outras áreas do governo. “Estamos avançando”, acrescentou o gestor federal.

A dona de casa Eulina Farias, 37, é mãe de Deividy Farias, 2. Ela acompanhou a inauguração e disse que achou a iniciativa positiva. “Se for realmente levado adiante e se for dada assistência, inclusive psicológica, pode ser algo bom. A gente não tem tido muito amparo e nossa luta é cansativa. Até para receber o benefício tive que entrar na Justiça”, contou Eulina, referindo-se ao benefício de prestação continuada (BPC), um salário mínimo que passou a ser pago pelo governo federal a pais e mães de crianças com microcefalia. Para atender às necessidades médicas do filho, Eulina tem uma rotina que inclui vários deslocamentos no mesmo dia para consultas e tratamentos. Também dona de casa, Panmella Passinho, 31, é mãe de Hebert Daniel, de um ano e nove meses. “O que já existe pra gente tem poucas vagas. Eu espero ter um apoio desse centro para que meu filho consiga ter educação”, disse.

*ATarde



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