Evento discute riscos de adiar gravidez: ‘Reprodução assistida não reverte problemas’

A decisão de ter um filho tem sido cada vez mais postergada. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 10 anos, a quantidade de mães com idade entre 20 e 24 anos caiu de 30,9% para 25,1%. Em compensação, as gestações na faixa etária de 30 a 39 anos aumentaram de 22,5% para 30,8%, no mesmo período. Com o objetivo de conscientizar jovens em idade reprodutiva – de 20 a 35 anos – sobre a importância de preservar a fertilidade natural, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) promove neste sábado (16) o Movimento da Fertilidade em Salvador. “As pessoas desconhecem a própria fertilidade, sobretudo as mulheres”, afirmou a presidente da SBRA, Hitomi Nakagawa, em entrevista ao Bahia Notícias. “As mulheres têm uma percepção errônea que a reprodução assistida reverte todos os problemas, mesmo aqueles relacionados à idade biológica. Elas querem trabalhar com os próprios óvulos e, às vezes, nem existem óvulos mais”. Apesar do alerta, os problemas de fertilidade não são relacionados apenas às mulheres. De acordo com a especialista, cerca de 20% dos fatores que impedem a concepção estão relacionados ao casal, enquanto os outros 80% são igualmente divididos entre homem e mulher. Ainda assim, as mulheres são o principal alvo da ação pela possibilidade de preservar a própria fertilidade. “Com o passar do tempo, os óvulos que ficam retidos nos ovários já não são tão férteis. Eles sofrem um processo de envelhecimento. A mulher passa por uma redução tanto na quantidade dos óvulos, quanto na própria qualidade”, explicou o ginecologista Joaquim Lopes, especializado em reprodução humana. A SBRA aponta que, até os 35 anos, a mulher tem chance de 15% de aborto. Por volta dos 40 anos, esse percentual aumenta para metade dos casos de gravidez. Já para mulheres acima de 45 anos, apenas um bebê nasce a cada dez gestações. Com a idade, também aumentam os riscos de bebês com malformações. Conforme ressaltou Hitomi Nakagawa, “na população feminina de até 35 anos, de cada mil bebês nascidos, em torno de um pode ter malformação – a mais comum é Síndrome de Down. Quando chega aos 40, essa chance já é de um para 100. Aos 45 anos, essa mulher tem risco de um para 30 ou 40 bebês nascidos”. A presidente da entidade pontuou ainda a necessidade de melhores políticas públicas e planejamento de verbas para esse setor da saúde. “No Brasil inteiro, nós temos 12 serviços públicos que assistem essas mulheres, e as filas são imensas. Às vezes elas ficam esperando na fila e, quando chega aos 40 anos, já não tem mais essa possibilidade”, criticou. Essas e outras questões serão discutidas durante o evento, que acontece neste sábado (16), das 8h às 11h, na Praia de Piatã. A inscrição é solidária, mediante doação de um pacote de fralda ou de agasalhos. A programação inclui treinamento funcional, zumba, treinamento de corrida, jogos recreativos e quick massage.

*BN



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