Cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS cresceram 215% entre 2008 e 2017

O número de cirurgias bariátricas realizadas pelo Sistema Único de Saúde cresceu 215% entre 2008 e 2017. Foram 3.195 procedimentos em 2008, contra 10.064 em 2017. Os estados do Sudeste e do Sul puxam alta: Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo respondem por 82% dos procedimentos na rede pública.

Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), que usou informações do Datasus e do Sistema de Informações Hospitalares. Já o Ministério da Saúde, diz que o crescimento foi ainda maior: de 223%. “O crescimento significa que a rede está sendo ampliada e dando mais acesso aos cidadãos que precisam dessa cirurgia”, disse a pasta, em nota.

A tendência de crescimento se seguiu ao longo dos anos em todos os setores, diz a entidade. No setor privado, a média de crescimento anual foi de 6% a 7% nos últimos anos — enquanto no SUS o incremento anual médio foi de 13,5%.

A migração de pacientes do setor privado para o SUS nos últimos anos ajuda a explicar crescimento no setor público, segundo a instituição. Em média, cada procedimento custa R$ 6 mil ao SUS e R$ 13 mil no setor privado – honorários de médicos e de hospitais mais baixos na rede pública explicam a diferença de custo.

Apesar do incremento na rede pública, no entanto, o sistema público ainda realiza muito menos cirurgias que a saúde suplementar: segundo a ANS, o setor realizou 48.299 procedimentos em 2017. No total, o Brasil fez 105.642 cirurgias no ano passado: um aumento de 47% em relação a 2012 (72 mil), diz a SBCBM.

Embora a tendência seja de crescimento e o cenário seja melhor que há alguns anos, Caetano Marchesini, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, diz que o número de cirurgias feitas no Brasil em 2017 atende a 2% dos elegíveis ao procedimento. Hoje, 5 milhões de brasileiros teriam indicação para a cirurgia.

O especialista diz que indivíduos com obesidade mórbida e com doenças crônicas associadas à obesidade estão dentre os 5 milhões de brasileiros com indicação para o procedimento. Estudos e evidências nas últimas décadas têm demonstrado que a cirurgia não só ajuda com questões diretamente relacionadas à obesidade, mas com condições associadas ao aumento do peso — como é o caso da diabetes tipo 2.

O que é e quem pode fazer a cirurgia bariátrica

Hoje, a cirurgia bariátrica reúne um conjunto de técnicas destinadas ao tratamento da obesidade.
Pode-se reduzir o estômago ou fazer um desvio intestinal. A cirurgia mais comum reúne as duas técnicas.
Na redução do estômago, o órgão diminui a capacidade de receber o alimento. No desvio do intestino, há menor absorção dos alimentos.
A cirurgia é indicada para aqueles com IMC de 35kg/m² e doenças associadas ou IMC acima de 40 kg/m²

O aumento na realização de cirurgias ajudaria a diminuir gastos com essas doenças, diz a instituição. Estudo da Universidade de Brasília e do Ministério da Saúde mostrou que no Brasil são gastos anualmente R$ 500 milhões no SUS com o tratamento de doenças associadas à obesidade.

A obesidade hoje atinge 18,9% dos brasileiros, segundo pesquisa Vigitel (Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), realizada pelo Ministério da Saúde.

Perda rápida de peso

Além do tratamento de doenças associadas, a perda rápida de peso (quando comparado a outros métodos) é um dos fatores que empurram o crescimento das cirurgias em todo o mundo — não só no Brasil.

Marchesini explica que, no tratamento clínico, indivíduos perdem de 10 kg a 15 kg num espaço de dois anos — ao passo que esses mesmos indivíduos podem perder até 60 kg entre 8 e 12 meses na cirurgia bariátrica.

*G1



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