Brasil tem 1ª fábrica de máquinas para radioterapia da América Latina

A primeira fábrica de aceleradores lineares para tratamento de câncer da América Latina foi inaugurada em Jundiaí, São Paulo. O novo centro da Varian Medical Systems conta com mais de 4 mil m² de área e representa um marco no acesso a tratamentos avançados do câncer no País.

Aceleradores lineares são equipamentos utilizados para radioterapia – que consiste em um dos três tratamentos mais tradicionais do combate ao câncer. Junto com a cirurgia, estima-se que a radioterapia é uma das técnicas com maior poder de cura do paciente oncológico.

“A radioterapia atualmente consegue identificar, através de exames de imagens combinados com inteligência artificial, onde o tumor está localizado. O acelerador linear aplica um nível de radiação exatamente no local que foi delineado pelo médico para atingir o tumor e preservar os tecidos saudáveis do paciente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 60% dos pacientes com câncer devem ser tratados com radioterapia, e no Brasil esse número ainda está longe de ser alcançado”, explica Humberto Izidoro, diretor geral da Varian na América Latina.

A construção da fábrica é resultado de um acordo de compensação tecnológica, feito com o Ministério da Saúde, para maior independência do mercado externo e expansão do tratamento de radioterapia no Brasil. Num primeiro momento, a fábrica irá servir o mercado privado nacional, sendo que o primeiro equipamento produzido pelo complexo irá para o grupo Oncoclínicas, em Recife, ainda este mês.

“O acelerador que iremos produzir no Brasil contém o último nível de tecnologia, totalmente digital. O valor agregado dela está no conteúdo tecnológico. Estamos falando de vidas, então queremos garantir o tratamento de altíssima qualidade”, conta Armando Sá.

Em 2013 a Varian ganhou uma licitação para fornecer ao Brasil 80 aceleradores lineares, construir uma fábrica e um centro de treinamento. Além disso, a licitação previa um programa de transferência tecnológica com Institutos de Ciência e Tecnologia do Brasil, sobretudo universidades. Todos os requisitos foram cumpridos e a quantidade de aceleradores foi ampliada para 100. O programa custou mais de R$ 500 milhões aos cofres públicos e contou com investimento privado de R$ 100 milhões.

Por enquanto, os equipamentos que irão para o Sistema Único de Saúde (SUS) estão sendo produzidos pela sede da Varian na Califórnia. A expectativa é que, no futuro, haja expansão dos serviços e a fábrica brasileira possa fornecer equipamentos para a rede pública do País.

A Varian alega ter capacidade para atender todo o mercado nacional, mas está em fase de diálogo com o governo para que hospitais públicos não precisem pagar impostos para ter equipamentos feitos aqui. Quando trazidos da Califórnia, instituições filantrópicas, por exemplo, não precisam pagar determinadas taxas – o que faz com que importar os equipamentos ainda seja mais vantajoso do que a produção nacional.

“Estamos ansiosos para trabalhar com o novo governo no Brasil e ampliar de forma contínua o acesso ao tratamento e a aplicação de novas tecnologias que possam reduzir o tempo de tratamento e as filas de espera dos pacientes”, complementa Izidoro.

Segundo Artur Acioly Rossi, da Sociedade Brasileira de Radioterapia, ainda há um déficit tecnológico no país. “Este é um momento histórico, porque sabemos das dificuldades que a radioterapia enfrenta no Brasil, chegando a uma desassistência de até 40%. Além da carência, apenas 13% das máquinas no território brasileiro contemplam toda a tecnologia disponível para um tratamento mais seguro e efetivo. A inauguração da fábrica traduz a expectativa e esperança que temos de mudar este cenário”, conclui.

*Atarde



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