Que tem cor de noite escura
E nessa noite em brumas
Um abrigo procura
Menino negro
Não teve pai pra lhe sustentar
Não conheceu os carinhos de uma mãe:
Só arranhões, no corpo desnudado,
Só a angústia, no coração a sangrar.
Os olhares na rua
Atestam que o preconceito não morreu
E vive entranhado na sociedade
Condenando aquele menino
A ser réu sem liberdade
Menino negro
Não entrou na roda
Mas, com a força de seus braços,
Fez a roda girar.
Acorda Brasil,
Teu filho negro é quem te fala:
– Não transforme o coração do mundo
Em uma grande e fria senzala!