“Bronze Iluminado”, sucesso nas praias do RJ é desaprovado pela sociedade de dermatologia

Rose do Bronze faz sucesso com ‘bronze iluminado’ nas praias do RJ

Quem anda pelas areias da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, pode ouvir — entre os sons das ondas quebrando — as batidas do “funk da Rose”: “Quer fazer um bronze hoje? Chama a Rose. Olha a parafina! Faz magrinha, faz gordinha, preta, loira e ruivinha. Não precisa ter vergonha, vem fazer sua marquinha”.

A letra propaga o serviço oferecido pela comerciante Rose do Bronze, de 40 anos, que vende parafina para autobronzeamento a R$ 10 nas praias cariocas. “Quer saber o que tem na fórmula? Vou te contar não, é segredo. Um dia criei a mistura, coloquei na minha colega e o resultado foi legal; desde então passei a vender o produto”.

Apesar do sucesso repentino (na última semana o “Funk da Parafina” viralizou nas redes sociais e, só no Tik Tok, o vídeo alcançou mais de 6 milhões de visualizações — o que fez com que Rose desse, inclusive, entrevista para canais de televisão), a ambulante começou a comercializar a parafina cerca de seis meses atrás, para aumentar a renda da família desde que sua casa foi devastada por um temporal.

“Eu não sou famosa. Famoso por acaso mora em um barraco de madeira no Complexo do Alemão?”, questiona Roseane da Conceição de Andrade. Mesmo que ainda não tenha colhido os frutos do sucesso, Rose está deixando sua marca neste verão. Conversamos com a comerciante para entender como funciona o produto, ouvimos clientes que já usaram a parafina e pedimos a opinião de uma médica dermatologista sobre o assunto. Confira:

“Quando tá calor, Copa; quando tá chovendo, Madureira”

Rose do Bronze fabrica a parafina no quintal de um barraco sem quarto, nem banheiro, onde vive com seus 8 filhos. “Biológicos são apenas 5, os outros são da minha irmã que faleceu”, explica.

Os filhos ajudam no negócio da mãe. Com caixinha de som em volume máximo tocando o “Funk da Parafina”, alto-falante e isopor no ombro, Rose e “sua trupe” vendem o produto por toda a orla. “Eu tive a ideia de criar o funk; pedi para meu sobrinho, que é MC, e ele foi lá e criou as batidas”, comenta a comerciante que, fora o trabalho nas areias cariocas, também trabalha como camelô em Madureira vendendo balas.

Mas o certo é que a parafina da Rose já virou sensação no verão carioca. A assessora de planejamento Daniela Jesus, de 45 anos, recomenda o produto: “Comprei a parafina da Rose uma vez que ela visitou a Ilha do Governador. Me encantei com o carisma dela, ela chega chegando, trabalha com amor, merece toda a fama que está ganhando”.
Ao ser questionada sobre os riscos que o produto oferece à pele e à saúde, Rose nega qualquer problema. “Não dá nada, menina. É só um óleo bronzeador”. Porém, a dermatologista Patrícia Silveira, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, discorda e alerta sobre os perigos do uso da parafina como acelerador de bronzeamento. “É perigoso por dois motivos: primeiro pelo fato de não ser biodegradável e, segundo, por facilitar queimaduras solares”, diz.
De acordo com Patrícia, o modo mais seguro de adquirir um bronzeado natural — fugindo de manchas, do fotoenvelhecimento e de doenças como o câncer de pele — é tomando sol aos poucos, pela manhã, antes das 10h, por cerca de 15 minutos, quando há maior índice de radiação ultravioleta A. Além disso, a dermatologista orienta o consumo de alimentos com a substância natural betacaroteno, como o mamão, cenoura, abóbora e laranja, e recomenda o uso de fotoprotetor, de preferência físico — e não químico, de uso mais comum — acima do fator 30.



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