‘Se fez comigo, pode fazer com várias outras’, diz jovem que denunciou estupro dentro de clínica em Camaçari

A jovem de 21 anos que denunciou ter sido estuprada dentro em uma clínica de Camaçari, cidade da região metropolitana de Salvador, disse, em entrevista à TV Bahia, nesta sexta-feira (25), que espera que a justiça seja feita. O pedido dela é para que novos casos como esse não voltem a ocorrer.

“Se fez comigo, pode fazer com várias outras. Espero que a justiça seja feita. Quanto mais distância puder manter [do suspeito], melhor”, falou a jovem, que preferiu não se identificar.

O caso ocorreu na quarta-feira (23), mas a vítima ser atendida em uma delegacia, no dia seguinte. Nesta sexta (25), ela passou por exame de corpo de delito, que vai confirmar se houve estupro. O crime é investigado na Delegacia de Abrantes, em Camaçari, onde vítima e familiares já foram ouvidos. O suspeito e funcionários da clínica também devem prestar depoimento.

Crime

Segundo a vítima, o crime ocorreu por volta das 22h de quarta-feira (23), dentro de uma clínica onde ela e o suspeito faziam tratamento para obesidade. A jovem assistia a um filme com o homem, dentro de um dos quartos da clínica, quando foi forçada a fazer o ato sexual.

“Estávamos assistindo ao filme, ele tentou me abraçar e eu disse que não queria. Eu levantei, ele também levantou, me puxou, jogou no sofá e deitou em cima de mim. Imagina um homem de 156 kg em cima de você? Eu disse que não queria e ele me estuprou”, contou a jovem.

A jovem relatou que conseguiu levantar e pediu ajuda para os funcionários da clínica, que falaram para ela se acalmar, mas negaram o pedido de ajuda para registrar boletim de ocorrência contra o paciente.

“Eu fui até a enfermagem para denunciar o que tinha acontecido, só que ninguém me deu assistência nenhuma. Estou desde ontem ‘para cima e para baixo’, para tentar denunciar isso. Achei uma delegacia onde ninguém queria me atender. Teve um delegado que ainda olhou para minha cara e perguntou o motivo de eu não ter gritado, me defendido, como se eu fosse a culpada”, falou a jovem.

A vítima também se queixou da falta de apoio da clínica.

“A clínica não deu assistência nenhuma, deixou minha mãe me levar até a delegacia, não tive advogado do lado, ninguém para me orientar em nada. A clínica, até agora, sequer me perguntou se eu estava bem ou estava viva, e ainda disse que, se eu denunciasse, os dois seriam expulsos. Só para não manchar a imagem deles”, disse.

Em nota, a Clínica da Obesidade afirmou que não se pronuncia acerca de qualquer fato ou questão relacionada aos pacientes, se não for para autoridades competentes, quando são solicitadas. A reportagem não conseguiu contato com o suspeito e nem com a defesa dele.

Tratamento para obesidade

A jovem afirmou que faz tratamento na Clínica da Obesidade há cinco meses. Além dela, a mãe e os dois irmãos também frequentam o local.

A clínica informou que é instituição médica, registrada no Conselho Regional de Medicina, atuando em combate à obesidade mórbida há mais de dez anos, sendo referência nos serviços que se propõe a prestar aos seus pacientes.

Segundo a jovem, ela já tinha assistido filmes com o suspeito na clínica em outras oportunidades, inclusive com a presença dos irmãos dela, mas foi a primeira vez que ele tentou alguma coisa.

“Teve um funcionário da clínica que disse que pensou que a gente estava namorando. É um absurdo. Então quer dizer que, se ele fosse meu namorado, ele poderia me estuprar? A gente já tinha assistido filme antes com meus irmãos, mas isso nunca tinha acontecido”, desabafou.

Dificuldade para denunciar

A família da jovem disse que tentou registrar o caso na 23ª delegacia de Lauro de Freitas e na delegacia de Abrantes, ainda na quarta-feira e até a tarde de quinta, mas não conseguiu.

“Ela ficou muito nervosa porque perguntaram [polícia] para ela se ela não tinha sido a causadora do estupro, porque ela foi sozinha para o apartamento desse cidadão. Ou seja, [segundo a polícia] ela deu margem para que o delito fosse acontecido”, disse o pai da jovem.

O homem também falou da dificuldade de registrar um caso de estupro em uma delegacia. “Na televisão, eles sempre falam que é para denunciar o caso na delegacia mais próxima. Isso é uma teoria, porque na prática é bem diferente. Assim fica complicado”, falou o pai da jovem.

Eles só conseguiram registrar caso na noite de quinta-feira (25), na delegacia de Abrantes, que vai investigar o caso.

G1 entrou em contato com a Polícia Civil para saber o motivo de o caso não ter sido registrado na quarta-feira (23), quando a jovem e os pais dela foram até as duas delegacias.

Em nota, a Polícia Civil disse que a recusa em registrar a ocorrência não é procedimento padrão da instituição e que, para casos desse tipo, além de críticas, elogios e sugestões, o cidadão pode acionar a Ouvidoria da Polícia Civil, ligando para o (71) 3116-6408 ou pode enviar mensagens para o 99631-5259 ou ainda um e-mail para [email protected].

A polícia informou que os servidores são orientados a atender com “urbanidade e celeridade” às demandas recepcionadas, além de receberem constantemente treinamentos para aprimorar o atendimento ao público. Além da Ouvidoria, o cidadão também pode dirigir-se a Corregedoria (Correpol).

Fonte: G1



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