Objetos não contribuem para propagação da Covid-19, aponta estudo da Ufob

O Laboratório de Agentes Infecciosos e Vetores – LAIVE, da Universidade Federal do Oeste da Bahia – UFOB, realizou mais uma pesquisa relacionada ao Coronavírus. O estudo aponta que objetos não contribuem para a propagação da COVID-19, a qual se dá apenas de pessoa para pessoa.

A pesquisa foi iniciada em 01 de junho de 2020, durante a fase ascendente da curva epidemiológica da COVID-19, em Barreiras, usando o método RT-qPCR, no intuito de compreender o papel do meio ambiente na disseminação da doença.

De acordo com o estudo a presença do vírus SARS-CoV-2 no ar e em objetos nas Unidades de Terapia Intensiva foi relatada em meados de 2020 e início de 2021. No entanto, a carga viral não foi informada, o que impossibilitou concluir o papel do meio ambiente na transmissão.

Para chegar aos resultados foi investigada a presença do SARS-CoV-2 nas frentes de máscaras, telefones celulares, dinheiro de papel, moedas, máquinas de cartão, esgoto, ar e nas roupas de cama de pacientes testados positivos no Hospital Eurico Dutra – unidade de saúde referência para tratamento da doença. Além de uma área de comércio – lojas, supermercados, restaurantes, lanchonetes, bares e diversos outros pontos comerciais na rua da feira livre.

O pesquisador e coordenador do LAIVE, Jaime Amorim, ressaltou que esses dados são importantes e inéditos. “Em nenhum outro lugar do mundo foram expostas essas informações e nós vimos aqui em Barreiras, claramente por meio de uma amostragem grande de 268 amostras”.

“Confiamos bastante nos resultados, fizemos experimentos para verificar se a nossa metodologia de amostragem estava falhando e verificamos que funciona muito bem. A questão é que não achamos vírus no ambiente e com esse estudo concluímos que a transmissão é de pessoa pra pessoa, que os objetos e meio ambiente não têm papel importante na transmissão”, pontuou o pesquisador.

Para evitar dúvidas a pesquisa também foi realizada em laboratório com a reprodução da temperatura e da umidade do ambiente e segundo o pesquisador Jaime Amorim, “os resultados indicaram que o vírus pode ser detectado por RT-qPCR independentemente do tempo de exposição ao ambiente e das variações de temperatura ou umidade”.

 

Impacto do resultado da pesquisa

O resultado desse estudo deixará a população muito surpresa, pois, com mais de um ano de pandemia os cuidados com a higienização foram reforçados em todos os ambientes. O uso de desinfetantes no final de 2020 teve aumento de mais de 30% em relação a 2019, foi vendido um total de US $ 4,5 bilhões em desinfetantes.

Para Jaime Amorim, autor da pesquisa, esse é um dos principais impactos do resultado obtido. “O impacto do resultado da pesquisa está na diminuição de gastos com desinfetantes e serviços de limpeza. Estamos exagerando nesta questão. A preocupação excessiva, como por exemplo, com a limpeza das compras para entrar em casa e excesso de lavagem de roupas. Tudo isto, frente à falta de informação como a que produzimos aqui na UFOB, contribuem para o aumento do desconforto psicológico já imposto pelo distanciamento físico”.

Por outro lado, Amorim enfatiza, “as informações geradas no estudo não sugerem um relaxamento dos cuidados, mas sim, uma aplicação mais inteligente destes sobre as reais formas de transmissão do novo Coronavírus, que em nossa conclusão científica, acontece de pessoa para pessoa. O distanciamento físico, o uso de máscaras e outras intervenções não farmacológicas utilizadas para controlar doenças virais respiratórias, são essenciais para o controle da COVID-19 até que o programa de imunização confira imunidade de grupo na população”.

A pesquisa foi enviada para Nature Scientific Reports – renomada revista científica de acesso aberto e com variados temas de ciências naturais e clínicas, onde o material está sendo avaliado para possível publicação.

Fonte: Gazeta do Oeste



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