Se você acha que é forte porque consegue curtir todos os dias da festa mais democrática do mundo: o Carnaval de Salvador, imagine então chegar no circuito uma semana antes, dormir em cima de papelão, tomar banho uma vez por dia e ainda assim ter pique para aproveitar a festa.
Cerca de 2.400 ambulantes estão credenciados para trabalhar na festa e essa é a realidade de muitos deles que aproveitam o Carnaval para ganhar em seis dias o que, provavelmente, ganharia em meses. Quase sempre em família, os trabalhadores precisam chegar bem antes para garantir um bom lugar na festa.
Dar visibilidade a essas pessoas, tão importantes para o sucesso do Carnaval e ao mesmo tempo invisíveis, é tornar o Carnaval de Salvador, além de democrático, mais humano. A Skol treinou os vendedores e os conscientizou sobre a proibição da venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos e o consumo em excesso.
“Todos os ambulantes cadastrados receberam um kit da SKOL, composto por isopor grande e um isopor pequeno, boné, banco, sombreiro e um suporte”, explica Felipe Bratfisch, gerente regional de marketing da Ambev.
“Veio eu, minha esposa e meus três filhos. Minha mulher e minha filha vende cerveja, com um isopor maior, no mesmo lugar que a gente dorme (na rua Marquês de Leão – Barra) e eu e meus dois filhos saem com isopor menor também vendendo”, disse Joelson Gonçalves, 41 anos, que foi flagrado pela equipe de reportagem dançando atrás do Cortejo Afro.
O catador de latas Antônio Alves, 50 anos, deu um show na avenida Oceânica. Entre um passo e outro de dança, uma agachada para catar latas. O peso do saco de latas que carregava nas costas, não impedia que o “bailarino” mostrasse seu talento, muito menos que esbanjasse alegria na avenida.
“Tenho diabetes e pressão alta. Trabalho todos os dias. Chorar pra quê?”, disse Antônio sem parar de dançar.