Klara Castanho: Coren vai investigar se enfermeira ajudou a vazar informações sigilosas

Hospital em que Klara Castanho ficou internada também diz que abrirá sindicância interna para apurar o ocorrido. Em rede social, atriz relatou violências que sofreu e disse que profissionais de hospital vazaram história sem seu consentimento.

Hospital em que Klara Castanho ficou internada também diz que abrirá sindicância interna para apurar o ocorrido.
Imagem: redes Sociais

O Conselho Regional de Enfermangem de São Paulo (Coren-SP) informou neste domingo (26) que vai investigar a denúncia da atriz Klara Castanho de que foi abordada por uma enfermeira após dar à luz em um hospital – a profissional teria ameaçado divulgar à imprensa informações sobre o nascimento do bebê, fruto de um estupro, que a atriz entregou para adoção direta.

O relato da atriz, que tem 21 anos, foi publicado nas redes sociais. Ela contou que foi estuprada e ao descobrir a gravidez, já avançada, resolveu entregar a criança para ser adotada.

Klara Castanho disse que ainda na sala de parto, a enfermeira se aproximou questionando como seria se um determinado colunista soubesse daquela informação. “Quando cheguei no quarto, já havia mensagens do colunista, com todas as informações. Ele só não sabia do estupro. Eu conversei com ele, expliquei tudo o que tinha me acontecido.” A atriz não cita nomes e diz que foi procurada ainda por um outro colunista.

Em nota, o Coren diz que o conselho tem a função de investigar situações em que acontecem infrações éticas por profissionais da enfermagem, seguindo as medidas determinadas pelo Código de Processo Ético da profissão.

A entidade diz que vai adotar os procedimentos necessários, acomo acontece com toda denúncia sobre exercício profissional. “Assim, o Coren-SP ressalta a cautela necessária sejam tomadas as medidas corretas para a apuração dos fatos”, diz a nota, que manifesta solidariedade à atriz.

Segundo o Notícias da TV, do Uol, o marido da enfermeira teria ligado para Record, RedeTV! e colunistas de sites que cobrem vida de celebridades buscando vender informações sobre o parto, que aconteceu no mês passado.

A notícia começou a circular, sem o nome de Klara inicialmente, depois que o colunista Leo Dias, do Metropoles, deu entrevista a Danilo Gentilli falando de uma informação que ele sabia, mas não podia divulgar. “O karma vai ser pesado”, disse ele. “Envolve vidas”, acrescentou.

Neste final de semana, o nome da atriz passou a ser envolvido em meio a críticas e distorções, e ela acabou publicando uma carta aberta na noite de ontem falando do assunto.

Estupro e gravidez

A artista publicou um texto nas redes sociais depois que seu nome foi parar nos assuntos mais comentados em meio a boatos. No relato, Klara diz ainda que sofreu com descaso da equipe médica e das enfermeiras que ajudaram no parto.

A carta aberta de Klara começa dizendo que esse é o relato mais difícil que ela já fez na vida. “Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la dessa maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada”.

A atriz afirmou que o estupro aconteceu quando estava longe da família, amigos e da sua cidade. “Não, eu não fiz boletim de ocorrência. Tive muita vergonha, me senti culpada. Tive a ilusão de que se eu fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse, superasse”, continuou.

Ela contou que tomou pílula do dia seguinte e fez alguns exames, mas continuou no seu cotidiano se sentindo “despedaçada”. Meses depois, ela começou a passar mal e descobriu que estava grávida, quase no término da gestação. “Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Não tinha ganhado peso e nem barriga”, descreveu. Ela conta que ao fazer o exame se sentiu “novamente violada, novamente culpada”.

Klara diz que revelou ao médico o que tinha acontecido e ele não teve “nenhuma empatia por mim”. O profissional fez um discurso dizendo que ela seria obrigada a amar a criança.

Ela diz que o atendimento do médico foi a primeira de uma série de violências que sofreu a partir da descoberta. “Eu ainda estava tentando juntar os cacos quando tive que lidar com a informação de ter um bebê. Um bebê fruto de uma violência que me destruiu como mulher. Eu não tinha (e não tenho) condições emocionais de dar para essa criança o amor, o cuidado e tudo o que ela merece ter”, escreveu.

Sabendo que faltava pouco para o parto, Klara conta que tomou a decisão de entregar a criança para adoção. Ela seguiu uma série de etapas obrigatórias, em processo que é sigiloso pela lei.

No dia do parto, ela diz que uma enfermeira a abordou dizendo “Imagina se tal colunista descobre essa história”. Ao chegar no quarto, ela já havia recebido mensagens do colunistas, diz, sem citar nomes. “Eu conversei com ele, expliquei tudo o que tinha me acontecido. Ele prometeu não publicar”, diz. Dias depois, outro colunista a procurou para saber se ela estava grávida, conta. “Apenas o fato de eles saberem, mostra que os profissionais que deveriam ter me protegido em um momento de extrema dor e vulnerabilidade, que têm a obrigação legal de respeitar o sigilo da entrega, não foram éticos, nem tiveram respeito por mim e nem pela criança”.

A atriz afirmou que a notícia foi divulgada com informações erradas e “ilações mentirosas e cruéis”. “Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei”, escreveu.

Klara Castanho finaliza dizendo que está recebendo apoio da família e que vai tentar se reconstruir da violência que sofreu. Ela ressalta que “entregar uma criança em adoção não é um crime” e pede privacidade.

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