CNBB pede respeito aos ritos democráticos e alerta para acirramento dos ânimos

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, na tarde desta quinta-feira, uma declaração em que a instituição identifica na atual crise política do país a necessidade de uma “autêntica e profunda reforma política”. Reunidos na 54ª Assembleia Geral, os bispos católicos não se posicionaram a favor ou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a ser votado na Câmara dos Deputados no próximo domingo. Os religiosos alertam no comunicado para o acirramento dos ânimos na sociedade brasileira, tementes de que a tensão política descampe para a violência nas ruas. No cenário institucional, a CNBB sublinhou a importância da participação popular, do respeito aos ritos democráticos e da garantia dos direitos sociais.

“A crise atual evidencia a necessidade de uma autêntica e profunda reforma política, que assegure efetiva participação popular, favoreça a autonomia dos Poderes da República, restaure a credibilidade das instituições, assegure a governabilidade e garanta os direitos sociais. (…) A polarização de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera a perda de objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social”, diz o comunicado

No texto, a CNBB defendeu rigorosa apuração das denúncias de corrupção, cujos efeitos, diz a instituição, recaem mais fortemente sobre os mais pobres. Os bispos ressaltaram a importância de garantir o direito de defesa aos acusados e a reparação dos danos causados em caso de confirmação dos crimes. A instituição ainda atacou o sistema político brasileiro, a qual classificou como “fisiológico” e considerou uma das bases da crise política atual.

“A forma como se realizam as campanhas eleitorais favorece um fisiologismo que contribui fortemente para crises como a que o país está enfrentando neste momento. Uma das manifestações mais evidentes da crise atual é o processo de impeachment da Presidente da República. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acompanha atentamente esse processo e espera o correto procedimento das instâncias competentes, respeitado o ordenamento jurídico do Estado democrático de direito”, de acordo com os religiosos.

Em meio a uma “profunda crise ética, política e econômica” do país, os bispos disseram rezar por “todo o povo brasileiro”, que vive hoje uma experiência democrática da qual foi privada durante 20 anos pela ditadura militar — creditaram, inclusive, a conquista do Estado democrático de direito à atuação dos movimentos populares. A CNBB lembrou ainda as “Diretas Já!” como exemplo de mobilização que fortaleceu a democracia nacional.

Na assembleia, que ocorre de 6 a 15 de abril em Aparecida, participaram o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da CNBB, dom Sergio da Rocha; o arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente, dom Murilo Krieger; o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral, dom Leonardo Steiner.

(EXTRA)



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