Motoboy que teve perna amputada se descobre no surfe: ‘Me mantém vivo’

Há 16 anos, um acidente de moto deixou João Muth Neto, de 42 anos, sem uma das pernas. O susto, no entanto, não foi suficiente para afastá-lo do esporte. O surfe, que até então era apenas um hobby para se livrar do estresse da rotina como motoboy, acabou mudando sua vida. Com o passar dos anos, ele se tornou atleta paralímpico, ganhou o apelido de ‘Pirata do Surf’ e espera em breve colocar em prática um projeto de percorrer as praias do país mostrando o dia a dia de um surfista amputado.

João usa prancha de stand up adaptada (Foto: Carlos Martins / Arquivo Pessoal)João usa prancha de stand up adaptada
(Foto: Carlos Martins / Arquivo Pessoal)

João Pirata nasceu em Santos, no litoral de São Paulo, mas morou durante muito tempo na vizinha São Vicente. Após o acidente durante um dia de trabalho, o então motoboy decidiu se mudar paraPeruíbe e investir na própria recuperação.

“Os primeiros meses sem a perna foram muito difícieis. Além da dor, a sensação de não ter a perna esquerda era horrível. Durante a fisioterapia encontrei pessoas que me estimularam a seguir. Todos esses anos foram de luta e superação e o esporte tem papel essencial nessa ‘nova’ vida”, conta.

Além do surfe que Pirata já praticava aos fins de semana antes de ter a perna amputada, atualmente ele também joga vôlei e futebol nas equipes paralímpicas de Peruíbe e participa de campeonatos de atletismo e natação. A agenda diária do surfista conta ainda com uma intensa rotina de treinos.

“Treino para participar de campeonatos e apresentações sobre o esporte paralímpico. Graças a Deus tenho uma rotina normal e o surfe ajuda a me manter vivo”, garante.

Prancha adaptada
Para continuar arriscando as manobras sobre as ondas mesmo com as limitações, Pirata fez testes com vários modelos de prancha até conseguir a adaptação que precisava.

Pirata pegando onda em praia de Peruíbe (Foto: Arquivo Pessoal)Pirata pegando onda em praia de Peruíbe
(Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu não tenho parte da perna já acima do joelho e as próteses não se ajeitam muito, por isso eu não uso quando vou para o mar. Minha prancha é um stand up pequeno com uma alça na frente para apoiar a mão. Foram muitos testes e hoje estou com o surfe no pé, quero dizer no joelho”, brinca.

Sonho
Com o aprendizado que teve no esporte para superar os obstáculos após o acidente de moto, Pirata quer colocar em prática um sonho. A intenção do surfista é percorrer praias do país mostrando como é a rotina de uma pessoa amputada e como vencer as limitações por meio do surfe, por exemplo.

O projeto ainda não saiu do papel e está sendo detalhado, mas ele espera que, com a chegada das paralimpíadas, empresários e autoridades possam olhar com mais atenção ações sociais e esportivas e apoiar a iniciativa.

“Quero mostrar detalhes das minhas atividades diárias até chegar ao mar para pegar onda, por exemplo, e sempre ressaltando que não há limites e impedimentos. Tenho certeza que a minha história pode servir de incentivo para tantas pessoas que se limitam por tão pouco”, destaca.

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