Óleo no Nordeste: Ufba aponta presença da substância em peixes e mariscos

Não foi uma surpresa: o óleo que atinge as praias baianas continua causando estrago. Agora, em caranguejos, mariscos e peixes. Um estudo do Instituto de Biologia (Ibio) da Universidade Federal da Bahia (Ufba) já analisou mais de 30 animais do pescado e encontrou uma situação alarmante.

“Todos eles têm óleo dentro do corpo”, adiantou o professor e pesquisador Francisco Kelmo, diretor do Ibio e que está à frente do estudo, nesta quinta-feira (24).

A análise deve ser totalmente concluída nesta sexta-feira (25).

Os animais foram coletados nas praias de Itacimirim e Guarajuba, em Camaçari, e na Praia do Forte, todas na Região Metropolitana de Salvador (RMS). “É um trabalho delicado. Temos que procurar os órgãos respiratórios para ver se tem óleo dentro”, explicou o professor.

Desde a última quarta-feira (23), a Bahiapesca também está conduzindo uma análise. O levantamento, que já passou pelo Conde, deve coletar peixes e mariscos ainda nas cidades de Jandaíra, Entre Rios, Camaçari e na praia de Itapuã, em Salvador.

Outros serão coletados em Santiago do Iguape, em Cachoeira, para servir como grupo de controle. Segundo a assessoria da Bahiapesca, cerca de 60 indivíduos serão selecionados em cada uma das praias até o dia 1º de novembro. Depois, a empresa deve enviar um relatório para a Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental, que deve avaliar se o pescado é próprio para consumo.

Vendas
No Conde, a situação dos pescadores e marisqueiras é preocupante. Há pouco mais de uma semana, praticamente não há vendas.

“É zero. Ninguém está vendendo nada”, desabafou o presidente da colônia de pescadores do município, Givaldo Batista.

Entre os clientes dos produtos locais, há desde donos de restaurante e de barracas da cidade até gente que compra para comer em casa, com a família. Desde que o óleo atingiu as praias do município, porém, as vendas vinham minguando. Agora, quase não existem.

Ao todo, Batista estima ter cerca de duas toneladas de peixes e mariscos acumuladas nas geladeiras e freezers da colônia e das casas dos pescadores. Tem de tudo: peixe vermelho, dourado, olho de boi, cavala, além de siris, caranguejos, ostras, camarões e aratus.

Os pescadores, segundo ele, são os únicos que têm consumido os produtos. “E nós vamos comer o quê? A gente não tem comida, não tem outra coisa para comer. Vou morrer de fome?”.

Enquanto isso, os integrantes da colônia tentam ajudar a limpar as praias e a encontrar uma saída para o problema. “Estamos tentando resolver um problema que a gente não tem capacidade de resolver”.

Em Camaçari, também já dá para notar uma queda nas vendas, segundo o presidente da colônia de pescadores do município, Manoel de Brito.

“Já vi alguns crustáceos, que ficam na areia ou nas pedras, melados de óleo. Peixe não vimos. Mas desde que se descobriu que o óleo é tóxico, as vendas têm sido prejudicadas. O pessoal normalmente se esquiva”,disse.

É mais um baque para os pescadores do município. Em julho, muitos chegaram a perder barcos devido à forte ressaca que atingiu as praias de Camaçari.
Para evitar que o prejuízo atingisse a todos, já tinham criado um esquema para dividir os barcos restantes – uma parte dos pescadores usava no início da semana, outra parte nos dias restantes. “Ou seja, os pescadores já estavam com uma defasagem de trabalho. Agora piorou”.

*Correio



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