Fumaça dos incêndios da Austrália chega ao Rio Grande do Sul

foto: Duda Pinto/MetSul

O céu acinzentado que encobriu parte do Rio Grande do Sul na manhã desta terça-feira (7) intrigou a população gaúcha, que percebeu que não tratava-se de nuvens de chuva. Era fumaça, e vinha de longe. Mais especificamente, da Austrália, que arde em chamas há meses.

O deslocamento da fumaça pelo Pacífico já havia sido alertado pela a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e foi confirmado ao portal UOL pela MetSul, empresa local de meteorologia.

O fenômeno é visível nas cidades gaúchas em que o dia estaria ensolarado, sem nuvens de chuva, como Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai – já em Porto Alegre, onde o céu está parcialmente nublado, o efeito passa despercebido.

De acordo com a OMM, a fumaça, após passar por Chile, Argentina, Uruguai e Brasil, pode já ter chegado à Antártida.

“Os incêndios geraram uma qualidade de ar perigosa, que afeta a saúde humana, em grandes cidades da Austrália, espalhando-se para a Nova Zelândia, e lançaram fumaça a milhares de quilômetros através do Pacífico até a América do Sul”, disse a porta-voz da OMM, Clare Nullis, a repórteres em Genebra.

As chamas do incêndio de gigantescas proporções que atinge o país da Oceania já emitiram 400 megatoneladas de dióxido de carbono na atmosfera e produziram poluentes nocivos, informou o Copernicus, um programa de monitoramento da União Europeia, na segunda (6).

Depósitos de fuligem  foram detectados em geleiras neo-zelandesas, o que pode acelerar o ritmo no qual estão derretendo, disse o programa.

A fumaça australiana, que chegou ao Rio Grande do Sul após percorrer uma distância de 13 mil quilômetros, está a 10 mil metros de altura e está sendo transportada por corrente de vento na qual a velocidade pode chegar a 300 quilômetros por hora.

A presença de chuva em Santa Catarina e Paraná deve evitar o avanço da fumaça para outros estados brasileiros.

Segundo Estael Sias, meteorologista da Metsul, o tempo chuvoso provoca uma barreira, impedindo o deslocamento para o norte e também ajudando na dispersão do material.

Nos próximos dias, com o tempo seco, a formação poderá ser vista no sul de Santa Catarina. Não há, contudo, uma previsão de quanto tempo permanecerá na região Sul do país.”Vai depender do comportamento do tempo. A fumaça vai ficar circulando, vai dar volta ao mundo e pode voltar novamente para cá”, afirmou a meteorologista ao UOL.

No ano passado, a fumaça das queimadas registradas no Cerrado e na Amazônia chegou até cidades de São Paulo e Paraná. Conforme a meteorologista, o fenômeno registrado agora é de menor intensidade em relação ao de 2019 – um dos motivos é a proximidade da Amazônia e do Cerrado com o Sudeste do país.

“No caso da fumaça da Amazônia o vento em torno de 1.500 metros de altitude levou a fumaça até SP numa distância menor. Agora, é o vento em 10 mil metros que transporta a uma distância se 13 mil quilômetros. Apesar de o incêndio na Austrália ser muito mais grave e catastrófico em relação às queimadas da Amazônia, pela distância, o efeito aqui é menor”, disse Sias.

*Bahia.Ba

 



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