‘Estou sendo vítima disso tudo’, diz filho de Flordelis ao negar assassinato de pastor

Flávio dos Santos Rodrigues, filho da deputada federal Flordelis dos Santos acusado de ter matado o pastor Anderson do Carmo, voltou atrás e negou, durante interrogatório ocorrido na manhã desta terça-feira, ser autor do crime. A audiência ocorreu de forma virtual e foi presidida pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói.

Flávio está no presídio de segurança máxima Laércio da Costa Pellegrino, Bangu 1, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Ele participou da sessão da sala de audiovisual da unidade. Durante as investigações do caso pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), Flávio confessou ter atirado no pastor na garagem da casa da família em Niterói.

— Eu não matei o Anderson. Não comprei a arma. Não participei de crime nenhum. Estou sendo uma vítima disso tudo. Estava no local errado, na hora errada — disse Flávio, ao ser questionado sobre Nearis sobre as acusações contra ele.

Ao ser perguntado a qual local errado ele se referia, Flávio afirmou que era a casa da família, onde o crime ocorreu. A magistrada questionou ainda se o filho de Flordelis havia voltado atrás, uma vez que tinha confessado à polícia. Flávio alegou então que foi torturado na DH.

— Todo mundo tem conhecimento de como a polícia Civil do Rio procede. Eu, dentro da DH, fui torturado de todos os tipos de tortura que a senhora pode imaginar. Entravam na minha cela.. Tortura psicológica, física. Dormi de cueca, em um chão frio, molhado, sem ter colchonete. Eu fiquei mais de 24 horas sem beber água — afirmou.

Diante das declarações, Nearis questionou Flávio sobre o motivo dessa tortura não ter sido denunciada por seus advogados. A magistrada frisou ainda que apesar do filho da Flordelis alegar que foi agredido, não ficou com nenhuma marca pelo corpo.

Flávio alega tortura

Flávio afirmou não saber por que os advogados não fizeram denúncias e alegou que ficou com uma marca roxa em uma das pernas. Em outro momento do interrogatório, Flávio chegou a alegar que chegou a ser torturado “com saco na cabeça” e afirmou ser uma vítima do estado do Rio e da Polícia Civil.

— O que me espanta é que o senhor foi submetido a tantas barbáries e seus advogados não tomaram nenhuma providência — ressaltou Nearis.

Ainda durante o depoimento, após negar ter cometido o crime, Flávio afirmou que não gostaria mais de “ocupar o tempo” da juíza e dos outros participantes da audiência, optando por não responder a mais nenhuma pergunta. Nearis ressaltou que ainda havia muitas perguntas a serem feitas, mas o filho de Flordelis optou por não responder mais a nenhuma delas.

— Eu não matei. Não participei disso. Não sei quem foi. Não planejei nada. Tinha um bom relacionamento com senhor Anderson. Prefiro não responder mais nada. Só no meu júri — afirmou Flávio.

No fim da audiência, a juíza indeferiu o pedido da defesa de Flávio para que ele seja transferido de Bangu 1 para qualquer outra unidade prisional. Anderson Rollemberg, advogado de Flávio, afirmou que o filho de Flordelis está “extremamente abalado”, sozinho numa cela, sem televisão e nem visita.

Os advogados de Flávio optaram por não acompanhar a audiência presencialmente no presídio, alegando o momento de pandemia vivido. No entanto, eles estiveram na unidade prisional para conversar com o cliente antes da sessão. Flávio foi interrogado no processo respondido apenas por ele e seu irmão Lucas Cezar dos Santos, ambos presos no dia seguinte ao crime.

Em relação a Lucas, denunciado por ter ajudado o irmão a comprar a arma do crime, a Justiça já decidiu levá-lo a júri popular. A decisão foi dada no dia 1o de novembro do ano passado, após o interrogatório de Lucas.

Após o interrogatório de Flávio na manhã desta terça-feira, a juíza Nearis abriu prazo para que as partes apresentem alegações finais. Em seguida, ela decidirá se Flávio vai ou não a júri popular. Flávio e Lucas ainda respondem a outro processo, junto com Flordelis e outros cinco irmãos no processo decorrente segunda fase das investigações.

Fonte: Extra



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