Uma pessoa que morou na casa da deputada federal Flordelis (PSD) afirmou que ela e o ex-marido assassinado, pastor Anderson do Carmo, mantinham relações sexuais com filhos e filhas.
A pessoa, que prefere se manter no anonimato, disse ao RJ2 que tem medo de sofrer represálias da família da deputada.
Como mostrado pela equipe de reportagem nesta segunda-feira (31), a pessoa afirmou que morou na casa de Flordelis – informação que é reforçada por testemunhas ouvidas na investigação sobre a morte do pastor Anderson, crime do qual Flordelis é acusada de ser a mandante.
No relato exclusivo ao RJ2, as histórias desconstroem a imagem de mãe amorosa e mulher bem-intencionada que Flordelis exibia.
“O que era perceptível é que ela mantinha um número para manter o marketing pessoal dela, de 50 crianças adotadas”, afirmou a pessoa.
Também segundo o depoimento, o “Ministério Flordelis” – uma espécie de congregação – servia para arrecadar dinheiro e sustentar os luxos da deputada.
E o dinheiro recebido, segundo o depoimento, não era pouco.
“Ela cantava nas igrejas, recebia as ofertas. O dinheiro circulava em grande quantidade, na verdade, na casa. (…) Regalias e carro do ano, bons restaurantes, era isso que era destinado.”
Só que os privilégios não eram para toda a família.
“Existia na casa, sim, uma geladeira que não ficava, na época, no quarto da missionária Flordelis. Essa geladeira ficava na cozinha, porém ela tinha cadeado e grade. Ficava trancada e só quem tinha acesso à chave era Anderson, missionária Flordelis e Carlos, que era quem cuidava de toda a alimentação da casa”, acrescentou.
Seguindo o relato, alguns integrantes da família de Flordelis comiam determinados alimentos, mas a grande maioria tinha outro tipo de refeição.
Os relatos são confirmados por outros depoimentos. Um obreiro da igreja disse à polícia que a casa recebia doações de comida e que percebeu que a melhor parte ia para determinado núcleo familiar.
Linguagem em código
As investigações da polícia também mostraram que muitas informações precisavam ser mantidas em segredo pelo principal núcleo da família.
Foi aí que surgiu a ideia de usar uma linguagem comum entre crianças e adolescentes nas décadas de 1970 e 1980. O recurso virou um importante código de comunicação: a língua do “P”.
A conversa ocorria geralmente entre Flordelis e Simone, uma das filhas biológicas. E a polícia também foi informada disso. Uma testemunha afirmou que a comunicação através de códigos era comum no grupo.
Relações sexuais
A pessoa ouvida pelo RJ2 também relatou práticas sexuais envolvendo moradores da casa.
De acordo com o relato, a história de amor do casal Flordelis e Anderson começou a mudar quando o pastor começou a mandar mais do que a deputada nos negócios da família.
“Anderson se tornou uma pedra no sapato pra Flordelis. E ela fez com ele exatamente o que ela faz com todos: retira do caminho.”
Ao desabafar, a pessoa afirmou ter percebido as mentiras de Flordelis – e do pastor.
“O que eles pregam não é exatamente o que eles vivem. Eles vivem uma vida de mentira, uma vida de omissões, uma vida sem amor, uma vida voltada praticamente pra si, pelo dinheiro, riqueza e fama.”
Procurada, a defesa da deputada não retornou aos contatos do RJ2.
*G1