Gêmeas trans de 19 anos fazem cirurgia de readequação de sexo em SC

Duas gêmeas de 19 anos realizaram cirurgia de readequação de sexo em um hospital de Blumenau, no Vale do Itajaí. Elas nasceram com o sexo biológico masculino, mas discutem a transição para o feminino desde antes da maioridade. O hospital informou que a cirurgia de uma delas terminou na noite de quarta-feira (10). A outra irmã foi operada na quinta (11).

Antes de ser submetido à cirurgia, o paciente precisa passar por acompanhamento multidisciplinar por cerca de dois anos. As gêmeas fizeram a cirurgia pela rede particular, mas o procedimento é disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Dos cinco hospitais públicos brasileiros que prestam esse serviço, nenhum fica em Santa Catarina. A espera no país para iniciar o processo pode levar até cinco anos (leia mais abaixo).

Segundo o hospital, as gêmeas passaram por acompanhamento psicológico e orientações médicas. As duas começaram o tratamento hormonal por volta dos 15 anos.

A cirurgia feita na quarta-feira durou cinco horas, mesmo tempo que o procedimento da irmã, realizado nesta quinta. As duas estão de repouso no mesmo quarto e ficarão internada por três dias, conforme o hospital.

Os médicos José Carlos Martins Junior e Cláudio Eduardo, especializados em cirurgia trans e feminização facial, foram os responsáveis pelo procedimento cirúrgico realizado no Hospital Santo Antônio. Segundo a unidade, é a primeira vez que gêmeas passam por esse tipo de procedimento no país.

Procedimento pelo SUS

É a portaria nº 2.836 de dezembro de 2011, que instituiu a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, que trata sobre o direito da cirurgia de readequação de sexo e o uso de hormônios. O objetivo é geral da portaria é promover a saúde integral da população LGBT.

Para realizar a cirurgia de readequação de sexo pelo SUS, o acesso inicial é via Unidade Básica de Saúde (UBS). Após esse primeiro contato, é função da rede estadual direcionar essa pessoa para um dos centros de referência habilitados pelo Ministério da Saúde que realizam o procedimento .

No Brasil, cinco hospitais prestam esse serviço de acompanhamento para a população.

Primeira cirurgia

A primeira cirurgia no Brasil foi anterior a qualquer resolução oficial. Ela foi feita em 1971 pelo cirurgião Roberto Farina, que chegou a ser condenado por isso. Farina também fez a primeira cirurgia em um homem transexual no Brasil – o paciente foi o psicólogo e escritor João Nery, autor do livro “Viagem solitária – memórias de um transexual 30 anos depois”.

Já a primeira cirurgia de redesignação sexual na rede pública no Brasil foi realizada em 1998, no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. Na época, o procedimento só foi possível após a resolução 1482/97 do CFM. A primeira mulher trans a ser operada pela rede pública de saúde foi Bianca Magro, em 1998.

 

*G1



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