A idosa Maria das Graças de Sousa Rodrigues, de 74 anos, foi resgatada nesta terça-feira (13) do local onde vivia em situação de cárcere privado e sofrendo maus-tratos, segundo a polícia. Ela contou ao RJ2 um pouco da rotina na casa onde era mantida. Maria é do Maranhão e estava numa casa da rua Breno Acioli, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
“Eu não saio para lugar nenhum, nenhum mesmo. Só saio para levar o lixo. E eu não sei onde ele está botando o dinheiro”, disse Maria em conversa com a equipe do RJ2 por uma fresta na porta da casa.
A idosa só foi encontrada graças a uma sobrinha que a procurava e ligou para uma vizinha para saber sobre a tia. A sobrinha denunciou o caso na 43ª DP, em Guaratiba, e ajudou os policiais a localizarem o endereço – que fica a 900 metros da delegacia.
Vizinha ajudou na localização
Ao saber que o número não correspondia ao endereço que tinha, a sobrinha pediu para que a vizinha, Leandra da Costa, fosse até o local para tentar achar a idosa.
No local, Leandra encontrou uma senhora franzina, muito magra e debilitada, vestindo trapos e cercada de cachorros.
Ao perguntar se ela morava ali, ouviu que sim, mas ao pedir para que ela saísse para conversarem melhor, ouviu que não tinha acesso à chave e que “Dona Therezinha” não deixava ela sair, nem gostava que ela falasse com alguém.
A dona da casa
Segundo a polícia, “Dona Therezinha” é Therezinha da Silva Moraes, de 82 anos, e seria responsável por manter Maria das Graças presa em condições precárias.
Em resposta ao RJ2, por conversa ao telefone, Therezinha afirmou que Maria estava bem e que os vizinhos preocupados com a situação da senhora estavam mentindo.
Já a vizinha que fez a denúncia contou ainda que após a primeira abordagem na casa, a idosa disse que ia ver com a “patroa” se podia sair para conversar, mas não voltou mais.
“Eu recebi o telefonema da sobrinha dela, publiquei a história nas minhas redes sociais para ver se alguém sabia de algo no endereço e, como ninguém falou nada, fui lá pessoalmente. Até agora não sei o que me deu para insistir nessa história e ir atrás, mas estou muito feliz de ter conseguido tirar dona Maria daquele lugar”, contou Leandra ao G1.
Situação ‘deplorável’ no local
Durante as buscas no endereço onde Maria das Graças era mantida, o delegado Antônio Ricardo conta que foram encontradas condições sub humanas de sobrevivência.
“Quando os policiais chegaram no imóvel, eles foram recebidos pela proprietária que aparentava nervosismo e dificultou toda ação policial. Lá encontramos a senhora que foi resgatada em condições sub humanas, sem alimentação, sem vestimentas. Uma situação deplorável”, disse o delegado Antônio Ricardo. No local, foi descoberto ainda que a idosa dividia o espaço com 40 cachorros e 20 pombos.
Após o resgate, a senhora tomou banho e trocou de roupa na delegacia. Maria das Graças reencontrou os parentes e aguarda a vinda dos outros familiares do Maranhão. A patroa, Therezinha da Silva Moraes, vai responder por cárcere privado, redução à condição análoga à escravidão e maus tratos a animais.