Existe mais uma questão, preocupante para alguns, que está no foco de análise no segmento dos bancos e linhas de crédito e que tem a ver com as finanças domésticas dos lares brasileiros. Acontece que, o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil publicado pelo Serasa, tem registrado a sua maior alta do ano em outubro atingindo 63,4 milhões de inadimplentes, ou seja, pessoas com dívidas em atraso ou sem serem cumpridas de acordo ao combinado. Este número é o mais elevado desde julho de 2020, mês no qual os níveis de inadimplentes alcançaram os 63,5 milhões de cidadãos.
O levantamento indica que o número total de dívidas (sejam em estado de inadimplência ou não) também está subindo, registrando uma alta de 2,31% a respeito do mês anterior, com 213.268 milhões de contas. Como tem informado a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias com algum tipo de dívidas atingiu a 74,6% refletindo o maior patamar desde o começo, em janeiro de 2010, da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
O valor de cada dívida também conta
O incremento nas dívidas não é ruim por si só, mas sim quando pode comprometer os orçamentos familiares. Nesse sentido, os organismos informaram que o valor de cada dívida que os brasileiros têm também está registrando incrementos: atualmente, a média de uma conta é de R$4.000,61 por pessoa e de R$1.189,38 por dívida. Os principais segmentos responsáveis pelos incrementos e a inadimplência são os bancos e os cartões de crédito, que representam 28,70% do total, seguidos por trás pelas contas das tarifas de serviços básicos, como água e luz, com 23,5%, e as dívidas do varejo ficando no terceiro lugar no ranking com 13%.
Agora, a parcela média de renda comprometida com dívidas se mantém em 30,2%. Isto quer dizer que, em média, mais de 30% dos ingressos de um lar são utilizados para o pagamento de dívidas.
O aumento na quantidade e valor das dívidas, assim como de pessoas inadimplentes, também tem explicação pelo efeito que a Taxa Selic está gerando nos juros. Isto porque, para tentar controlar a inflação que continua a subir, o Banco Central elevou novamente a Taxa Básica de Juros ou Taxa Selic, passando de 7,75% para 9,25% ao ano. Como ela é uma referência para os bancos estabelecerem as demais taxas do mercado, quando a Selic sobe, também sobem os juros cobrados nos créditos ou as parcelas de cartão de crédito por exemplo.