Dólar sobe para R$ 5,37 e juros futuros têm alta com receio de rompimento do teto de gastos

Os juros futuros e o dólar tiveram forte alta nesta sexta-feira (18) com o receio de investidores quanto ao rompimento do teto de gastos e aumento de casos de coronavírus na Europa.

A moeda americana terminou o pregão cotada a R$ 5,3750, alta de 2,73% em relação à véspera, e maior valor desde 1º de setembro, quando estava a R$ 5,39. O turismo está a R$ 5,67.

O Ibovespa cedeu 1,81%, a 98.289 pontos, menor patamar desde 7 de julho. O juro de dois anos foi de 3,83% na véspera para 4,12% nesta sexta. O de cinco anos foi de 6,52% para 6,85%.

O movimento é um reflexo da expectativa por taxas de juros maiores –juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos com base na evolução dos indicadores econômicos atuais e são a principal referência para os juros de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.

Analistas apontam que o mercado vê mais risco do governo furar o teto de gastos para financiar programas sociais. Na última quarta (16), Jair Bolsonaro (sem partido) autorizou o relator do Orçamento, senador Márcio Bittar (MDB-AC), a incluir na proposta orçamentária de 2021 a criação de um programa social com a mesma função do Renda Brasil, renegado pelo presidente.

“Todo o mundo está com medo que o presidente, lá na frente, acabe rompendo o teto de gastos e gaste para manter a popularidade. O risco fiscal aumentou”, diz Roberto Dumas, professor do Insper.

Com o Estado mais endividado e com atraso na agenda de reformas, o investidor cobra mais para financiá-lo pelo Tesouro Nacional, o que eleva os juros futuros.

Na semana passada, o Tesouro fez o maior leilão de títulos prefixados da história, em termos de risco, uma megaoperação de 44,5 milhões de títulos públicos, sem colocação integral. Na véspera, o Tesouro vendeu apenas 18% das 500 mil LFT (Letra Financeira do Tesouro) ofertadas, cuja rentabilidade é atrelada à taxa básica de juros.

Segundo analistas, a baixa procura é decorrente da Selic na mínima histórica de 2% ao ano, o que reduz o retorno do papel.

“Mercado aumenta a aversão a risco nesta dificuldade do Estado de se financiar. O investidor quer um maior retorno para financiar o governo, o que aumenta os juros futuros e encarece a dívida”, diz Bruno Musa, sócio da Acqua Investimentos. Na última quarta, o Banco Central avaliou que a inflação brasileira deve se elevar no curto prazo e sinalizou o fim de um ciclo de cortes na Selic.

A taxa básica de juros é a maneira do BC controlar a inflação, que tem subido nos últimos meses.

Nesta sexta, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou prévias do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) e do IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), espécies de termômetros para a inflação, que sinalizam altas nos preços.

O IGP-M subiu 4,57% no segundo decêndio de setembro, ante 2,34% no mesmo período do mês anterior. Com este resultado, a taxa acumulada em 12 meses passou de 12,58% para 18,20%.

Já o IPA subiu 6,36% no segundo decêndio de setembro, ante 3,15% no segundo decêndio de agosto. Na análise por estágios de processamento, os preços dos Bens Finais passaram de 0,96% em agosto para 2,89% em setembro. A maior contribuição para este resultado partiu do subgrupo alimentos processados, cuja taxa passou de 2,41% para 6,21%.

O real também é impactado pela expectativa negativa para as contas públicas. No pregão desta sexta, foi a moeda que mais perdeu valor no mundo.

Além disso, no exterior, Bolsas fecharam em queda, com alta nos novos casos de Covid-19, puxadas por ações de tecnologia, em dia de grande volatilidade com vencimento de opções e contratos futuros de índices e ações.

Na quinta, a França registrou um recorde de 10.593 novos casos confirmados de Covid-19, maior número diário desde que a pandemia começou, enquanto discussões sobre um segundo lockdown circulavam no Reino Unido. Na Espanha, o governo regional da capital Madri determinou um isolamento em algumas áreas mais pobres da cidade e seus arredores que abrigam cerca de 850 mil pessoas depois de uma disparada de infecções de coronavírus. O país tem 620 mil casos de coronavírus, o maior número da Europa Ocidental.

“Há risco de uma nova ordem de distanciamento social, revertendo a retomada da economia”, diz George Sales, professor do Ibmec. O índice Stoxx 600, que reúne as ações das maiores empresas da Europa, fechou em queda de 0,5%.

Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 caiu 1,12%. Dow Jones cedeu 0,88% e Nasdaq, 1,07%. No Brasil, as ações da Cielo caíram 6,58%, a R$ 4,26, na maior queda do Ibovespa. A empresa se desvalorizou após o JP Morgan reduzir a expectativa para o papel de neutra para negativa.

Fonte: BNews



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