Produtos essenciais do cardápio dos brasileiros estão mais caros

Produtos essenciais do cardápio dos brasileiros, como arroz, feijão e carne, estão mais caros. Entre as explicações estão as mudanças de consumo na pandemia e o dólar alto.

Falta emprego, falta renda e, ainda por cima, a mais básica das necessidades ficou mais cara.

A inflação oficial no país até julho é de 0,46%. Mas uma pesquisa do Dieese mostra que o custo da cesta básica já subiu bem mais do que a inflação em 16 capitais.

Em Salvador, a cesta básica já ficou 16% mais cara desde janeiro.

Outras capitais do Nordeste também aparecem entre as maiores altas: Aracaju, Recife e João Pessoa.

Das 17 capitais pesquisadas, Brasília foi a única onde a cesta básica ficou mais barata este ano.

Vários alimentos já foram vilões da inflação em outros momentos. Carne bovina, batata, tomate. E as pessoas sempre substituem, levam outra coisa. Só que, agora, entre os produtos que mais subiram de preço estão arroz e feijão. Como vai ser substituído?

“Tem que comer, fazer o que? Mas que subiu muito, subiu”, diz a manicure Elisabete José da Silva.

A alta no preço do arroz este ano já passou de 40% em Porto Alegre.

A capital onde o feijão mais subiu foi Curitiba: 55%.

O óleo de soja, que a gente usa para preparam o arroz e o feijão, chegou a ficar 43% mais caro em Aracaju.

E o preço do leite, outro produto básico, teve alta de 36% em Campo Grande.

“Eu diminuí o consumo, eu já não consumo tanto leite assim. Eu estava comprando todas as vezes que eu vinha ao mercado, agora eu já não compro mais”, dia Maira Silva, analista de sistemas.

Na sexta (4), o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores no interior de São Paulo que está pedindo patriotismo a donos de supermercados, para que eles não aumentem os preços.

A Abras, Associação Brasileira de Supermercados, não se manifestou.

Numa nota divulgada na última quinta-feira (3), a Abras havia dito que o setor tem sofrido forte pressão de aumento nos preços, de forma generalizada, repassados pelas indústrias e fornecedores.

Segundo a CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a pandemia fez os brasileiros comprarem mais alimentos, o que forçou preços para cima antes mesmo das altas provocadas pela entressafras.

Além disso, a disparada do dólar em relação ao real encareceu os insumos da agropecuária.

“Com o câmbio mais elevado, o fertilizante está mais caro. O farelo de soja e de milho que é utilizado na ração de animais tem regiões com mais de 50% de aumento de custos de produção”, explica Bruno Lucchi, superintendente-técnico da CNA.

O Dieese afirma que o dólar alto também estimula os produtores a vender para os outros países.

“Quando se exporta um produto, você manda ele para fora, o produtor recebe em dólar, e na hora que ele transforma em real ele ganha mais. Então uma taxa de câmbio desvalorizada, ela estimula a exportação. Você tem um impacto muito grande das exportações, no volume de produtos ofertados no mercado interno. Quando eles chegam em menor quantidade, uma redução da oferta interna e eles chegam mais caros para as famílias”, explica a economista sênior do Dieese, Patrícia Costa.

Fonte: G1



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