Com gastos de início de ano e fim de auxílio, poupança tem saída recorde de recursos em janeiro

Os saques das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 18,153 bilhões em janeiro deste ano, informou nesta quinta-feira (4) o Banco Central.

Essa foi a maior retirada de recursos mensal desde o início da série histórica da instituição, em janeiro de 1995. Até então, a maior saída líquida havia sido registrada em janeiro de 2020 (-R$ 12,356 bilhões).

De acordo com a instituição, os saques da poupança somaram R$ 263,062 bilhões em janeiro, enquanto os depósitos totalizaram R$ 244,908 bilhões no período.

O movimento de recursos da poupança coincide com os tradicionais gastos de início de ano, como matrícula e material escolar, além de impostos como o IPVA, IPTU em alguns municípios, compras de Natal parceladas e viagens de férias.

Além disso, o auxílio emergencial do novo coronavírus deixou de ser pago em dezembro do ano passado, restando apenas um resquício de valores atrasados para o início de 2021. Números oficiais mostram que a poupança atraiu um volume recorde de recursos em 2020. O auxílio foi pago em nove parcelas, entre abril e dezembro de 2020

As cinco primeiras parcelas foram de R$ 600, entre abril e agosto de 2020, e as quatro últimas de R$ 300 – de setembro a dezembro do ano passado. Nos meses em que o auxílio foi mais alto, o ingresso de recursos na poupança também foi maior. Em dezembro, os valores são influenciados pelo pagamento do décimo terceiro.

De acordo com o professor de Finanças do Ibmec-DF, William Baghdassarian, o resultado de janeiro está relacionado com fatores estruturais, como as despesas de início de ano, como conjunturais — fim do auxílio emergencial.

“Se você pegar a serie histórica, você vai ver que janeiro, frequentemente, é de retirada líquida. Mas janeiro de 2021 está muito fora da media histórica dos últimos anos. A gente esperaria alguma coisa como R$ 12,5 bilhões a 13 bilhões [de saída líquida]. Essa retirada a mais é certamente explicada pelo fim do auxílio emergencial e pelas condições de emprego que a gente tem. Pessoas desempregadas ou subocupadas ainda representam um volume grande da massa de trabalhadores”, declarou.

Volume total de recursos

Com a saída de recursos da poupança no mês passado, o estoque dos valores depositados, ou seja, o volume total aplicado na modalidade de investimentos, registrou queda.

Em dezembro do ano passado, o saldo da poupança estava em R$ 1,035 trilhão, passando para R$ 1,019 trilhão em janeiro deste ano.

Além dos depósitos e dos saques, os rendimentos creditados nas contas dos poupadores também são contabilizados no estoque da poupança. Em janeiro deste ano, os rendimentos somaram R$ 1,652 bilhão.

Rendimento da poupança

Com o juro básico da economia na mínima de 2% ao ano, a caderneta de poupança continua rendendo pouco, assim como outros investimentos em renda fixa, como fundos de investimentos e CDB´s, por exemplo.

Pela norma em vigor, há corte no rendimento da poupança sempre que a taxa Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano. Nessa situação, a correção anual das cadernetas fica limitada a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo BC.

Com a taxa Selic atualmente em 2% ao ano, a remuneração da poupança está hoje em 1,4% ao ano, mais Taxa Referencial. Em 2020, a poupança perdeu para a inflação e registrou a pior rentabilidade em 18 anos.

Entre as opções para os investidores, está o Tesouro Direto, programa que permite a pessoas físicas comprar títulos públicos pela internet, via banco ou corretora, sem necessidade de aplicar em um fundo de investimentos.

Uma alternativa para os investidores conseguirem uma remuneração mais alta é a renda variável, ou seja, a bolsa de valores. Nesse caso, porém, o risco assumido é maior, pois pode haver perda de recursos. Ouro, prata e outras moedas também têm atraído a atenção de investidores.

Veja o comportamento das aplicações em 2020

Levantamento da provedora de informações financeiras Economatica desconta a inflação medida pelo IPCA. O melhor desempenho foi do ouro, seguido pelo euro.

  • Ouro: 49,19%
  • Euro: 34,69%
  • Dólar: 23,36%
  • Ibovespa: -1,53%
  • CDI: -1,68%
  • Poupança: -2,30%

Fonte: G1



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