Energia solar por assinatura ‘tipo Netflix’ pode reduzir até 15% da conta

Energia solar por assinatura é permitido no Brasil e quadruplicou assinantes em SP
Imagem: Getty Images/Mint Images RF

Desde 2016, os brasileiros já podem aderir à “energia solar por assinatura” — como um serviço de streaming. A alternativa serve a quem não tem dinheiro ou espaço para instalar as próprias placas solares em casa. Funciona assim: o consumidor se beneficia da energia solar gerada em outro lugar. De acordo com a Sun Mobi, empresa do setor, os assinantes cresceram 4 vezes no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado em São Paulo e a redução na conta luz do assinante chega a quase 15%.

Edson Silva, 59, e Monica Markunas, 57, são assinantes desde 2017. O telhado do imóvel onde o casal vive, em Vinhedo, no interior de São Paulo, não tinha espaço para as placas solares. Os dois queriam uma solução mais barata do que a instalação que, à época, passava dos R$ 20 mil para até quatro pessoas, descontando possíveis gastos com a manutenção.

“É mais uma questão filosófica do que só financeira”, explica o consultor e engenheiro eletricista.

Como funciona?

O termo técnico da “energia solar por assinatura” chama-se geração compartilhada. Na prática, o modelo permite que o consumidor crie uma fonte de energia renovável, como uma placa solar, e compartilhe com outras pessoas.

Por exemplo: uma família ou qualquer grupo de pessoas podem instalar placas solares, conectá-las às casas umas das outras, dividir os custos e baratear a conta de energia para todo mundo.

Apesar disso, nem todas as construções têm estrutura ou dinheiro para a instalação e a manutenção. É aí que entram as empresas, que seriam o “Netflix da energia”. Nos últimos anos, elas criaram “fazendas de energia solar”. Ou seja, campos com painéis solares em áreas onde há pouca sombra e muito sol. A partir daí, a energia gerada é compartilhada entre os moradores próximos e beneficia quem está longe.

O assinante que está distante da fazenda pode comprar um “pedaço” da energia solar da fazenda. A fatia, então, é usada para abater e diminuir as contas de luz que chegam todo mês.

Além disso, os assinantes são isentos das bandeiras tarifárias, quando o valor da energia aumenta pela diminuição das chuvas e uso de termelétricas. São as chamadas bandeiras verde, amarela e vermelha. O modelo de energia compartilhada foi criado em 2012 e aperfeiçoado em 2015. A limitação de geração de energia própria é de 5 megawatts, determina a instituição, que também isenta as bandeiras tarifárias de quem compartilha. Até aquele ano, a prática não era regulamentada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Legal, mas na prática, como é?

A redução média nos custos de energia elétrica calculada por Edson e Mônica é um pouco menor do que a prometida pela empresa e se aproxima de 10%. Mônica, diretora de escola pública, afirma que, além da economia, é um incentivo do casal às energias cada vez mais limpas.

“É uma maneira de nos tirar dessa enrascada da mudança climática e pensar qual vai ser o nosso legado”, diz.

O termo “energia por assinatura” foi criado para facilitar o entendimento da energia compartilhada entre os consumidores. A empresa Sun Mobi, criada em 2016, identificou a tendência do consumidor em pagar por serviços digitais streaming, como Netflix e Amazon, cujo atrativo é é a facilidade de assinatura e cancelamento. “Não tem uma taxa de cancelamento [no nosso serviço], nem de adesão e o contrato não tem prazo”, explica Alexandre Bueno, cofundador da empresa. O contrato pode ser feito inteiramente pela internet.

A falta de cabos ou instalações que exigem reformas são outra semelhança com o streaming, garante Alexandre Bueno, já que o assinante compra uma espécie de crédito de energia solar. Todo mês, os créditos comprados são usados para abater os gastos obrigatórios da distribuidora de energia. Os custos padrão são aqueles cobrados até para imóveis vazios ou quando os moradores estão de férias e os de impostos.

A empresa, então, recebe até 90% do valor do boleto de luz que chega todo mês na casa dos assinantes. Com a eliminação das taxas obrigatórias e a compra do crédito, a economia pode ser de quase 15% em períodos de bandeira vermelha. Segundo a Sun Mobi, mais de 180 mil reais foram economizados entre setembro de 2021 a abril de 2022 com a operação em 27 cidades no interior e no litoral de São Paulo. A expectativa é chegar a 6 mil assinantes em três anos.

Fazenda de energia solar instalada em Porto Feliz, no interior de SP; serviço atende a quem não pode ter placas solares em casa Imagem: Divulgação/Sun Mobi.

As fazendas de energia solar da Sun Mobi ficam em Araçoiaba da Serra e em Porto Feliz. A população das duas cidades recebe a energia diretamente da fazenda, pelos próprios cabos da distribuidora de energia. Quem mora distante, compra o pedaço da operação para abater as próprias contas.

A empresa também oferece um painel, conectado ao aplicativo, que apresenta o consumo geral do imóvel em tempo real e facilita equilibrar o consumo. “É bom para controlar o banho mais demorado da minha filha adolescente”, explica Edson. A Sun Mobi explica que há um prazo de 60 dias para a distribuidora realizar o cancelamento do serviço.

Segundo Rodolfo Molinari, conselheiro da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a energia compartilhada permite ao assinante refletir melhor sobre o próprio consumo e, no caso das empresas, abre portas para produtos e serviços com certificações sustentáveis. (Os restaurantes estão entre os assinantes que mais utilizam o serviço da Sun Mobi, com 13% da fatia).

“A energia compartilhada era uma regulamentação que agora é a lei 14.300”, conclui.

Como contratar

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) tem uma lista com empresas credenciadas do ramo e especialistas na energia solar por assinatura (energia solar compartilhada).

 

Fonte: UOL

 

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