Após 6 anos de pontificado, o que impede papa Francisco de visitar a Argentina?

 

“No llores por mí, Argentina”. Para a tristeza de alguns de seus conterrâneos, papa Francisco anunciou que não visitará sua terra natal em 2020. Os argentinos estavam na expectativa para recebê-lo no ano que vem, porém, pelo jeito, o pontífice prefere cumprir uma agenda de viagens que esteja mais alinhada à sua “geopolítica das periferias”.

Caiu por terra a previsão de alguns “conservadores católicos” que atribuiam a decisão do papa argentino ao fato de Maurício Macri ter assumido o poder em 2015. E há que dizia que Francisco só marcaria uma visita ao país “caso a esquerda retomasse o governo”. Como vimos, balela.

Quando se trata do líder da Igreja Católica atual, essa gente não deixa de passar vergonha com a divulgação excessiva de devaneios e teorias da conspiração alavancadas por grupos políticos. É a era da famosa “canonização da ignorância coletiva” que produz pseudo-análises, falsas teorias e “dá palanque para imbecil”, como dizia o saudoso Boechat.

Em vez disso, já foi confirmada uma visita a Papua Nova Guiné, que fica na Oceania. Ele será o primeiro papa a pisar na ilha, local onde a maioria da população se declara cristã, mas o catolicismo é professado por uma minoria. Apesar da informação ainda não ter sido divulgada oficialmente pela Santa Sé, o site espanhol Religión Digital adiantou que foi o próprio Francisco a confirmar-lhes a informação. Ainda de acordo com o site, Timor Leste e Indonésia também integrariam a lista de países a serem visitados pelo pontífice, “quizás”.

Em encontro realizado nesta semana com Justin Welby, líder espiritual da Igreja Anglicana, Francisco também expressou o desejo de realizar uma “visita apostólica ecumênica” ao Sudão do Sul caso as tensões na região diminuam. Após o acordo de paz firmado em 2018, que pôs um fim à guerra civil que causou mais 400 mil mortes em 5 anos no país africano, o bispo de Roma fez um apelo de paz aos líderes do governo e da oposição sudaneses. Em abril deste ano, ele pediu que ambos os lados não medissem esforços para “acalmar o país” durante o processo de estruturação do governo de unidade nacional.

É interessante notar, mais uma vez, que o papa Francisco pretende realmente levar a cabo o compromisso que assumiu dias antes de se tornar papa. Em preparação para o conclave de 2013, ele falou sobre a necessidade de a igreja “colocar-se em saída, rumo à periferias físicas e existenciais”.

Em outras ocasiões, o líder religioso chegou a sinalizar, em outras palavras, que seria injusto voltar a seu país sem levar em conta algumas realidades desafiadoras, que exigem, prioritariamente, a presença do papa. É por isso que, além de visitar locais que jamais foram visitados por um papa, ele faz questão de ir para o meio “do fogo cruzado”. E faz isso ora para confirmar a fé dos católicos que sofrem por ser minoria em determinadas regiões do planeta, ora para ajudar na reconstrução de territórios devastados, como no caso do Iraque, país que Francisco também poderá visitar em 2020.

Se a Igreja é um “hospital de campo”, como ele mesmo fez questão de frisar em alguns de seus discursos, é hora de sair da zona de conforto da “evangelização gourmet” que privilegia mais o discurso que a ação. É hora de aterrissar nas “margens do mundo” para as quais poucos querem ir e onde muitos querem ser ouvidos. Dos 47 países visitados até agora, muitos deles jamais sonhavam receber a visita do sumo pontífice. O papa que “saiu do fim do mundo” vai para o fim de mundo”, demonstrando, com isso, que o cristianismo e as fronteiras jamais coincidiram.

Fonte Dom Total



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