Candidato a vereador em Minas Gerais é executado após live denunciando irregularidades de gestão; secretário, irmão do prefeito é suspeito

O candidato a vereador da cidade de Patrocínio, em Minas Gerais, Cássio Remis dos Santos (PSDB), foi morto a tiros e o principal  suspeito pelo crime é o secretário de Obras e irmão do prefeito, Jorre Marra, de 60 anos.

O crime ocorreu na tarde desta quinta-feira (24) enquanto a vítima realizava uma transmissão ao vivo nas redes sociais denunciando uma suposta obra irregular. Durante a live, Remis, de 37, afirma que funcionários, maquinário e dinheiro da Prefeitura estavam sendo usados irregularmente para serviços particulares, como a construção de um calçamento em frente à uma casa onde seria realizado o comitê eleitoral do atual prefeito, Deiró Moreira.

“Boa tarde. Estamos aqui na avenida que está servindo para reforma e, para nossa surpresa, mas não para nossa estranheza, nós nos deparamos desde ontem com um arsenal de funcionários da Prefeitura sendo utilizados para fazer o calçamento de onde possivelmente será o comitê eleitoral do prefeito (…) Isso mesmo, funcionários da Prefeitura, maquinários da Prefeitura. Agora eu pergunto para vocês, moradores dessa avenida, quantos de vocês tiveram a condição de ter esse asfaltamento aqui. Ninguém”, inicia o candidato, que já foi presidente da Câmara.

Enquanto questionava a população sobre quantas pessoas teriam condições de efetuar esse asfaltamento e pavimentação daquela magnitude, o rapaz, que é advogado, foi surpreendido pelo secretário, que chegou em um veículo, de cor branca. “Está aqui agora o secretário que veio aqui para me agredir”, fala Remis. O chefe da pasta se aproxima, o celular da vítima começa a balançar e a transmissão é interrompida.

O suspeito toma o celular e volta para o automóvel. Em um outro vídeo realizado por um cinegrafista amador é possível ver Cássio pedindo para que o homem não quebre o aparelho de celular.

Remis chegou a seguir Jorge Marra em direção à Secretária de Obras para recuperar o aparelho. Ao chegar na porta do órgão, o secretário atira contra a cabeça do advogado, que morre na hora.

Jorge Marra fugiu logo após o crime e a suspeita é que ele já tenha deixado o país. O prefeito se defendeu, alegando que não teve relação entre a discussão entre o irmão e Cássio. Deiró Moreira Marra ainda retrucou as críticas feitas pela vítima pouco antes do crime.

“Estamos, de forma muito consternada, com tudo que aconteceu, com dor e com muito pesar que a gente percebe isso. Lamentamos tudo que aconteceu e essa sequência de fatos absolutamente injustificáveis, que culminaram na morte do vereador Cássio Remis por disparo de armas de fogo, infelizmente pelas mãos do meu irmão, Jorge Marra. Esperamos que todos os fatos sejam elucidados e apurados de forma transparente pelas polícias, com a mais absoluta isenção de tudo isso. É um fato que choca todos nós”, destacou o gestor municipal.

“Digo aqui que todas minhas diferenças de campo político sempre foram resolvidas através do debate, jamais tive qualquer atitude fora desse campo. Isso aqui não tem nada a ver com a campanha. Foi uma tragédia. Eu me enluto com a família. É um fato que fatalmente pode acontecer com qualquer um, qualquer cidadão. Não é isso. (O assassinato) não tem nada a ver com o nosso projeto político”, acrescentou Deiró Marra em coletiva.

O prefeito decretou luto oficial de três dias pela morte de Cássio Remis e confirmou que os disparos de arma de fogo partiram de Jorge Marra. O corpo do advogado está sendo velado na câmara municipal e será sepultado no memorial Jardim dos Ipês nesta sexta (25).



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