Coordenador de Assistência Psicológica da PM conta como foi negociação com policial na Barra, “Tentei me aproximar dele, sem sucesso”

“É sempre bom compreender que não foi um desfecho imaginado”. Essa foi a avaliação feita pelo Coordenador de Assistência Psicológica da Polícia Militar, o tenente-coronel Honorato, que também conduziu a negociação com o soldado Wesley Soares Góes, em frente ao Farol da Barra, no último domingo (28).

“Sempre aprendemos. Estamos avaliando e discutindo. A cada ocorrência paramos, avaliamos. Cheguei um pouco antes do Bope, às 14 horas. Tentei me aproximar do Wesley algumas vezes, sem sucesso. Atuei muitas vezes com policiais em surtos. Até imaginei que fosse alguém que tivesse contato, que já tivesse procurado o setor. Chegando lá, não existia ainda a identificação de quem seria”, comentou ao Bahia Notícias.

De acordo com o tenente-coronel, a identificação do soldado ocorreu durante a ocorrência. “Tentei me aproximar e policiais que também conduziam a ação pediram para não chegar perto por ele estar muito nervoso. Isso me causou uma perplexidade. É um ambiente aberto e perímetro grande. Ficou difícil um diálogo. Conseguimos um megafone, e mesmo com ele não se atentava ao contato”, disse.

Honorato, que também é psicólogo, explica que existem três tipos de surtos. “Quando falamos em surto psicótico existem três dimensões: ordem pessoal, luto, estresse; tem uma questão psicossomática, vem de alguma disfunção corporal e tem a questão do surto com o efeito fanático político e religioso”.

A todo o momento a equipe tentou traçar o perfil de Wesley. Além disso, pessoas próximas do soldado foram contactadas para tentar mapear questões que pudessem ter sido motivadoras do ataque.

“Contactamos a família, a irmã, o comandante dele para entender o perfil e o que teria ocorrido. Tentamos angariar dados. Nada foi relatado de anormal. Foram boas referências. Não havia um fato visível e norteador sobre o soldado. Não foi percebido nem pelo comando. Tivemos que a partir desse cenário aberto, pensar em alternativas”, explicou.

O tenente-coronel ressaltou que Wesley não atendia aos chamados e teria dado “importância para a comunicação” com os negociadores. “A cada meia hora ele disparava para o alto. Tínhamos medo dele atirar em alguém, pois a região é muito aberta. Ele atirou para o local onde estavam os policiais e atrás, na rua, estavam populares e a imprensa. O resultado foi uma reação. Não foi o que queríamos”.

DESFECHO DO CASO DO PM

Após o soldado da Polícia Militar Wesley Soares Góes, invadir a barreira de proteção do Farol da Barra, na orla de Salvador, dentro de um veículo Renault Duster marrom, e disparar tiros para o alto, policiais isolaram a área para conter o policial, que portava um fuzil e estava fardado.

O policial foi identificado como o soldado Wesley, da 72ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM de Itacaré). Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), ele estava sob “surto psicológico”. O soldado dirigiu de Itacaré até Salvador neste domingo e ocupou a região do Farol. Em um certo momento, ele chegou a dizer a seguinte frase: “Seus filhos estão presenciando sua covardia, policiais militares do estado da Bahia”.

Com o avançar do tempo, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também foi acionado.

Por volta de 18h30, após cerca de 3h30 de negociação sem sucesso, o militar inciou uma contagem e iniciou um ataque contra os militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que atiraram no agente. Weslei acabou morrendo no Hospital Geral do Estado (HGE), unidade de saúde para a qual ele foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após ter sido alvejado.

*BN



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