O Secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, disse nesta segunda-feira (10) que o presidente Jair Bolsonaro manifestou confiança em seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, após o vazamento de mensagens relacionadas à operação Lava Jato.
Wajngarten disse que informou Bolsonaro sobre o vazamento no domingo (9) e voltou a conversar sobre o caso com o presidente por volta das 6h30 desta segunda. Nos dois momentos, segundo Wajngarten, Bolsonaro repetiu a afirmação: “Nós confiamos irrestritamente no ministro Moro”.
Neste domingo (9), o site The Intercept publicou reportagem com mensagens atribuídas a Moro e a procuradores. Segundo o site, o então juiz responsável pela Lava Jato no Paraná orientou ações e cobrou novas operações dos procuradores que atuam na operação. As conversas aconteceram no Telegram – aplicativo de mensagens.
Reunião com Bolsonaro
O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, informou nesta segunda que Bolsonaro deve se reunir na terça-feira (11) com Moro, para discutir o conteúdo das mensagens revelada pelo site.
Mais cedo, nesta segunda, Moro havia afirmou em uma entrevista coletiva em Manaus (AM) que não orientou a atuação dos procuradores, acrescentando que os trechos mencionados na reportagem, na opinião dele, não mostram prática ilegal.
Já Rêgo Barros afirmou: “Em relação às notícias referentes ao vazamento de informações sobre a Operação Lava Jato, o presidente da República não se pronunciará a respeito do conteúdo de mensagens e aguardará o retorno do ministro Moro para conversar pessoalmente, em princípio, amanhã”.
De acordo com o porta-voz, o encontro é “importante” para Bolsonaro saber de Moro a percepção do ministro sobre as mensagens e, a partir da conversa, “traçar linhas de ação” e estratégias para o país avançar em direção ao “rumo certo”.
Diante do conteúdo revelado, o corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Orlando Rochadel, decidiu apurar se o procurador da República no Paraná Deltan Dallagnol e outros integrantes da força-tarefa cometeram “falta funcional”.
Ainda no domingo, após a divulgação das mensagens, a assessoria do Ministério Público Federal no Paraná divulgou uma nota na qual afirmou que a atuação dos procuradores é “revestida de legalidade, técnica e impessoalidade”.
Afirmou também que os integrantes da força-tarefa estão à disposição para prestar esclarecimentos sobre os fatos.
Repercussão
Nesta segunda, entidades representativas de juízes, de procuradores e de advogados se manifestaram sobre as mensagens atribuídas a Moro e a integrantes da força-tarefa da Lava Jato.
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), por exemplo, disse que aguarda “serenamente” que o conteúdo noticiado e os “vazamentos” sejam “rigorosamente apurados”.
“As informações divulgadas pelo site precisam ser esclarecidas com maior profundidade, razão pela qual a Ajufe aguarda serenamente que o conteúdo do que foi noticiado e os vazamentos que lhe deram origem sejam devida e rigorosamente apurados”, diz a nota.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou uma nota na qual recomendou o afastamento de Moro e de procuradores.
“A íntegra dos documentos deve ser analisada para que, somente após o devido processo legal – com todo o plexo de direitos fundamentais que lhe é inerente –, seja formado juízo definitivo de valor. […] Não se pode desconsiderar, contudo, a gravidade dos fatos, o que demanda investigação plena, imparcial e isenta, na medida em que estes envolvem membros do Ministério Público Federal, ex-membro do Poder Judiciário e a possível relação de promiscuidade na condução de ações penais no âmbito da operação lava-jato. Este quadro recomenda que os envolvidos peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita”, diz trecho da nota da OAB.