Provas contra Bolsonaro são testemunhos de generais e relatórios da PF e Abin

O ex-ministro Sergio Moro indicou à Polícia Federal sete provas que corroboram suas declarações contra Jair Bolsonaro. Quando anunciou sua saída do Ministério da Justiça, em 24 de abril, Moro disse que o presidente da República insistia na troca do comando da Polícia Federal movido por interesses políticos.

De acordo com informações do jornal O Globo, o principal elemento de prova é o aparelho celular de Moro, que foi entregue para cópia do conteúdo das conversas com Bolsonaro e com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). As conversas se referem a um período de 15 dias, porque Moro apagava as mensagens, temendo um novo ataque hacker.

Análise preliminar da Polícia Federal confirma, por exemplo, a existência do diálogo apresentado no Jornal Nacional, em que Bolsonaro demonstra preocupação com o inquérito sobre fake news em curso no Supremo Tribunal Federal. A investigação poderia atingir de dez a 12 deputados bolsonaristas. Também há mensagens de Bolsoanro manifestando vontade de trocar o comando da Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco, reforçando sua preocupação com o inquérito do STF e afirmando interesse de demitir Maurício Valeixo da direção da corporação.

Ainda segundo O Globo, Moro também indicou como provas os testemunhos da ala militar do governo federal, como os generais Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), e de delegados que presenciaram as pressões feitas por Bolsonaro. Outra prova seria o registro de uma reunião do conselho de ministros do governo, no último dia 22 de abril.

Na ocasião, o presidente expressou intenção de trocar o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, e ameaçou demitir Moro, caso não concordasse com a substituição. Segundo Moro, reuniões do tipo costumavam ser gravadas pelo Palácio do Planalto. O material deve ser obtido ao longo do inquérito.

Outras provas são as declarações públicas de Bolsonaro sobre trocar o comando da corporação no Rio, em agosto de 2019, e o pronunciamento do presidente no mesmo dia em que Moro anunciou sua saída. Bolsonaro alegou que havia pedido acesso a relatórios de inteligência da Polícia Federal e admitiu intenção de trocar integrantes de cargos de comando da Polícia Federal.

Segundo O Globo, Moro disse que há provas documentais na própria Polícia Federal e na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que comprovam o envio de relatórios de inteligência da corporação, para orientar o presidente em suas tomadas de decisão. Isso desmente as declarações de Bolsonaro sobre não ter acesso a tais informações.

Sobre o inquérito

O ex-ministro Sergio Moro foi ouvido no inquérito autorizado pelo ministro Celso de Mello, a pedido da Procuradoria-Geral da República, sobre as acusações feitas contra Jair Bolsonaro. A investigação foi aberta no final da semana passada. Se confirmadas as acusações, haverá provas de irregularidades cometidas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Depois da oitiva do ex-ministro, a PGR deve indicar nesta segunda-feira (4) quais diligências devem ser realizadas pela Polícia Federal, para dar continuidade às investigações. Depois de definidas, o ministro Celso de Mello deve enviar a íntegra do inquérito para que o Serviço de Inquéritos Especiais da corporação dê prosseguimento às diligências.

*Bahia.Ba



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