Decotelli: “Brancos trabalham com imperfeições em currículo sem incomodar”

Ex-ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli avalia que o racismo influenciou em seu processo de desgaste no governo Jair Bolsonaro (sem partido). “Há muitos brancos com imperfeições em currículo trabalhando sem incomodar ninguém”, afirmou ao UOL.

Nomeado para o cargo na semana passada, Decotelli pediu demissão nesta terça (30), após a deflagração de uma crise pelas revelações de que havia informações falsas em seu currículo.

Nas redes sociais, o fato de Decotelli ser negro passou a ser foco de debates sobre a sua demissão. Entre outros pontos, as discussões lembraram que ministros do governo Bolsonaro como Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) também tiveram mentiras ou erros apontadas em seus currículos, mas permaneceram nos cargos. No caso de Decotelli, universidades da Argentina e da Alemanha desmentiram as informações de que ele teria concluído um doutorado e um pós-doutorado nas respectivas instituições. Também vieram à tona acusações de plágio na dissertação de mestrado apresentada pelo ex-ministro à FGV (Fundação Getulio Vargas).

Mas a permanência de Decotelli no governo, segundo ele, ficou insustentável após a FGV divulgar que o ex-ministro nunca foi professor “de qualquer das escolas da Fundação”. Em nota, a instituição declarou que Decotelli atuou apenas “nos cursos de educação continuada, como professor colaborador, nos programas de formação de executivos”.

Apesar de não atuar como professor fixo, portanto, o ex-ministro lecionou na instituição, mas na condição de professor colaborador. Para Decotelli, a FGV atuou por “interesses obscuros, não declarados, na intenção de apoiar outro ministro a ser indicado”. Ele afirma ter ministrado sua última aula pela instituição, na disciplina de Administração de Recursos de Longo Prazo no MBA de Finanças, na noite de ontem.

“[Me sinto] Destruído e massacrado na minha integridade como professor”, disse o ex-ministro. “Mesmo assim, após o ocorrido, lecionei ontem à noite utilizando a plataforma Zoom, em respeito aos alunos, que não têm culpa da fraude da FGV”. Decotelli diz ter pedido hoje o seu desligamento da instituição. O ex-ministro também enviou à reportagem fotos de prêmios que diz ter recebido por suas atividades na FGV. Todos se referem a ele como “professor” e datam de 2011 a 2016.

Fonte: UOL



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