Banda de Santo Antônio de Jesus é destaque em site da capital baiana

Foto: Consuelo Lopes/Divulgação

Aprimoramento humano, novos valores e sustentabilidade são os temas que compõem o segundo álbum de carreira da banda baiana Alquímea. Já disponível nas principais plataformas de streaming e em sites de lojas, Metamorfose, como foi intitulado, traz canções reflexivas sobre os conflitos enfrentados pelo mundo atual, como guerras e pandemia. Nas músicas, que unem pop e rock, eles são vistos como processos necessários para vivermos tempos melhores.

“É uma maneira de perceber tudo que está acontecendo à nossa volta, falando da sustentabilidade ambiental, de um novo estado de consciência, de uma percepção de que nós estamos num momento crucial de transição de uma era que se passou. Pode parecer uma mística barata, mas não é, é uma realidade. A Era de Aquário é essa que se pronuncia agora, esse momento é de transição, saem novos valores e entram novas maneiras de se pensar o mundo”, conta o vocalista da banda, Geo Benjamin.

A produção e a direção de Metamorfose foram feitas pelo cantor, que também produziu o primeiro álbum, Flower Power, de 2017. O lançamento segue o conceito tanto do primeiro álbum quanto da própria banda. Criada em 2016, Alquímea foi inspirada no modelo das bandas de rock and roll dos anos 60, tradicionalmente formadas por um baixo, uma guitarra e bateria. Assim ela se configura, respectivamente, com Petão, Geo e Állefe.

“Tudo isso faz parte da Alquímea. Em 2017, a gente estava falando de uma revolução social que ia acontecer e estava próxima de nós, mas eu não sabia o que era. Parece uma profecia isso (risos), mas a gente tava longe de imaginar que seria uma pandemia, que seria um vírus, por isso que todo esse conflito no mundo, que sempre teve, mas ainda mais agora, como a polarização no Brasil. É a partir disso que se sai um novo entendimento das pessoas, a tônica de uma nova era é o coletivismo, eu preciso do outro, agora é todo mundo contra um agente em comum”, explica Geo.

Inspirado pelo movimento da contracultura e pelas filosofias orientais, para Benjamin, a saída é nos tornarmos diferentes do que fomos, cotidianamente. No novo disco, composto por seis canções autorais e quatro releituras, elas retratam as transformações vivenciadas por todos nós.

Em Tá Quente Demais, a questão ambiental é tratada pelo viés do aquecimento global, como cita o trecho “o calor derrete o que tiver pela frente/ o planeta esquenta/ e pra você tanto faz”. Já em outros títulos, as ações a favor da natureza são reivindicadas. “Cuide bem do que é seu/ fique perto de quem mais lhe ama/ o tempo passa escondido/ peça a vez e vamos mudar a cena”, diz ele em Peça a Vez.

Entre as releituras estão É (Gilberto Gil), Amanhã (Guilherme Arantes), Tente Outra Vez e Metamorfose Ambulante, de Raul Seixas. Segundo Benjamin, essas canções complementam a mensagem transmitida por Metamorfose.

Da ideia à concretização

A busca pelo humano perfeito, como reiterada pelo vocalista, também está presente na capa do álbum. Ilustrada pelo artista paulistano João Duarte, a imagem escolhida mostra o Homem Vitruviano, famoso desenho de Leonardo da Vinci que representa as proporções ideais do corpo, simbolizando a harmonia. Cercado por um ambiente com animais e natureza em chamas, o Homem estaria no centro da sua metamorfose.

No entanto, para Geo Benjamin, o disco físico demonstra ainda mais o conceito da obra. “A gente fez porque o mercado de rock tem esse consumo, no mundo todo, e por mais que esteja nas plataformas virtuais, porque isso é o novo mesmo, mas a gente tem que ter o físico também, ele traz todas as informações, quem produziu, dirigiu, escreveu. Isso é muito importante para quem é da área”, diz. Além do CD, o material dedica páginas para descrição das ideias que circundam as músicas, as letras e as fotos dos integrantes.

Residentes do município de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano, os membros da Alquímea compartilham a mesma visão. Desde a sua concepção, a pauta sobre a evolução humana é vigente.

O nome do grupo faz referência à prática da alquimia, baseada no uso de ciências diversas, como química, física e arte, para transformar as matérias. O objetivo é o aperfeiçoamento dos corpos com a ajuda da natureza.

“O conceito tradicional é dos alquimistas tentando mudar o chumbo em ouro, fazendo alusão a transformação do ser humano bruto, pesado, grosseiro, a nível de consciência, se transformando num homem perfeito, até mesmo divino. E a gente tá lançando o Metamorfose falando disso. Eu não tenho interesse em falar do efetivo, das emoções, estamos falando de uma coisa mais séria, e a gente já não espera um bom retorno comercial por conta disso. O que fazemos é uma coisa artística, mas também não levantamos uma bandeira, não sou ativista”, finaliza Geo Benjamin.

*A Tarde


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