Unicamp emite nota sobre hidroxicloroquina e diz que apoio ao uso em tratamento se baseia em ‘evidências frágeis’

A Unicamp decidiu se posicionar sobre o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina para tratamentos de pacientes infectados com o novo coronavírus. Em nota, a reitoria afirma que as manifestações de apoio “se baseiam em evidências frágeis”, e não em investigações sólidas e fundamentadas em ensaios clínicos controlados. Até quinta-feira (9), a Secretaria de Saúde em Campinas (SP) registrou 99 casos confirmados da doença, incluindo cinco mortes, e contabiliza outros 984 registros suspeitos.

“A universidade, como centro do conhecimento, deve sempre recomendar indicações e propostas que valorizem a razão científica em lugar de soluções intuitivas e crenças, que apesar de geralmente bem intencionadas podem estar eventualmente equivocadas”, diz trecho.

 

Em pronunciamento realizado nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o uso da cloroquina no tratamento, apensar da falta de consenso na comunidade cientifica. Além disso, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou na quinta-feira que os hospitais municipais da capital paulista vão passar a utilizar a cloroquina no tratamento de pacientes infectados pela Covid-19.

Indicações

Em outro trecho, a Unicamp faz referência a editorial da publicação científica British Medical Journal, onde é mencionado que o uso da cloroquina e derivados nos tratamento de casos do novo coronavírus é “prematuro e potencialmente prejudicial devido a efeitos colaterais” conhecidos pelos médicos.

“Medicamentos como a HCQ [hidroxicloroquina] têm efetivamente sido usados para pacientes portadores de malária ou doenças autoimunes. No momento, a cloroquina e seus derivados podem ser empregados em situações controladas para essas enfermidades, em pacientes internados sob supervisão médica restrita e intensiva. Não há, portanto, indicação formal dos mais respeitados órgãos de saúde pública do Brasil e do exterior para o uso profilático ou doméstico desses fármacos sem a estrita supervisão, responsabilidade médica e concordância explícita dos pacientes”, destaca.

Ética

A universidade estadual, ao salientar que ouviu especialistas na área, de dentro e fora da instituição, destaca que reforça as recomendações dos órgãos sanitários e da comunidade médico-científica mundial de que não há, até o momento, evidência científica suficiente baseada em ensaios clínicos com humanos sobre a eficácia desses medicamentos.

Além disso, a reitoria afiram que reitera compromisso com a ética e a ciência na busca por soluções para adequado acolhimento do paciente, diagnóstico preciso e terapêutico para minimizar efeitos da pandemia.

“Há em todo o mundo, inclusive no Brasil, uma busca incansável por medicamentos eficazes para o tratamento dos doentes. Essa busca deve ser pautada exclusivamente pela pesquisa conduzida seguindo métodos científicos bem estabelecidos, com protocolos claros e subordinados a valores éticos.”

Fonte G1

 



Veja mais notícias no blogdovalente.com.br e siga o Blog no Google Notícia