Dopados de Ivermectina: excesso de uso pode levar à necessidade de transplante de órgão

Combinação de medicamentos pode ser ainda mais grave ao fígado, dizem hepatologistas (Foto: Agência Brasil)

A Ivermectina é utilizada desde os anos 70 para tratar de verminoses, na pecuária. Só entre o final da década de 90 e o início dos anos 2000, passou a ter uso humano. Durante a pandemia, começou a ser utilizada em escala muito maior. Doses anuais tornaram-se diárias, semanais, relatam médicos, e, às vezes, associadas a outros medicamentos sem comprovação de eficácia contra o coronavírus que também podem ser tóxicos ao fígado, como o antibiótico azitromicina e a cloroquina, contra malária.

Esses remédios chegaram a ser distribuídos juntos, por prefeituras ao redor do Brasil, como o chamado “kit covid”, criticado pela falta de eficácia científica e pela possibilidade de causar efeitos colaterais graves.

Na semana passada, o médico pneumologista Frederico Vargas divulgou o caso de uma jovem que, depois de ingestão excessiva de Ivermectina, evoluiu para uma hepatite fulminante, a ponto de precisar de um transplante. Ele foi convidado para avaliar as disfunções pulmonares da mulher, em São Paulo.

A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) afirmou à reportagem que dos 22 transplantes de fígado realizados desde março do ano passado até o momento, um foi por hepatite fulminante – caso em que a legislação permite a prioridade na fila, sem espera, pelo risco iminente à vida.

Sobre esse caso, não foi informada a causa da hepatite. Mas, uma pesquisa divulgada neste ano, mostrou que uma em cada três pessoas que tiveram hepatite fulminante sofreu lesões no fígado provocadas por medicamentos.

A lesão hepática provocada por medicamentos é diagnosticada em exames que medem a quantidade de enzimas do fígado, pelo tipo de reação, relação de causa e consequência, e exclusão de outros motivos, explica o hepatologista Paulo Bittencourt, presidente do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig).

Alguns indivíduos podem evoluir e chegar ao nível de precisar de transplante. “Sem ele, a sobrevida é nula”, afirma o hepatologista.

*Correio



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